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Insuficiência de equipamentos expõe profissionais ao risco
Reportagem

Insuficiência de equipamentos expõe profissionais ao risco

Unidades em Fortaleza e Interior.
Edição Impressa
Tipo Notícia

Correu o mundo as imagens de médicos, enfermeiros e técnicos com os rostos não apenas cansados dos longos plantões, mas também machucados por óculos e máscaras. No Ceará os profissionais dizem se afligir não somente com a pandemia, mas também com a falta dos equipamentos de proteção nas unidades de saúde.

"Todo mundo está com muito medo, o tempo todo, todos os dias", afirma uma médica que trabalha em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Capital. Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) recomendados para consulta de caso suspeito são máscara cirúrgica, óculos de proteção, avental ou capote cirúrgico, mas o único que estaria sendo fornecido pelo poder público seria a máscara. "As máscaras cirúrgicas devem ser trocadas pelo menos de quatro em quatro horas. No entanto, estão sendo fornecidas apenas duas para um plantão de 24h", afirma.

"Nós, enquanto profissionais de saúde, temos potencial risco de sermos vetores. Eu trabalho em contato direto com cerca de 150 pessoas em 12 horas. Então, são 150 pessoas que, se eu estiver doente, eu potencialmente vou passar", preocupa-se um outro médico. Ele apresenta sintomas como tosse seca e febre e está isolado, aguardando os resultados do teste para coronavírus. Enquanto isso, o posto de saúde no qual trabalha encontra formas de atender os pacientes com um integrante a menos. Além da angústia de não poder atuar, ele ainda enfrenta o medo de ter transmitido a Covid-19 para os familiares, com quem teve contato recentemente.

De acordo com Edmar Fernandes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, são recebidas em média 20 denúncias diárias sobre a falta de EPIs e de orientações claras sobre como lidar com casos suspeitos. "No mundo todo, entre 12 e 20% dos infectados são profissionais de saúde que estavam trabalhando. Estamos naturalmente expostos, ainda mais sem equipamentos de proteção. Já temos inclusive médicos em Fortaleza que estão em internação, entubados", aponta.

Erlemus Soares, gerente da Atenção Primária à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde, diz que o protocolo padrão de segurança está sendo seguido. "Na triagem, o profissional fica de máscara cirúrgica. Se o paciente tiver sintomas de gripe, é dado o atestado de 14 dias e encaminha-se para casa. Se estiver em estado grave, ele é isolado em uma sala e aí sim, o médico se paramenta todo para ter contato com ele", explica.

Segundo o gestor, a quantidade de máscaras e álcool gel nas unidades é suficiente, mas uma aquisição emergencial está em curso, assim como de 15 mil testes rápidos para diagnosticar profissionais de saúde e que devem chegar até 6 de abril.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Estado Sesa mas não obteve resposta, até o fechamento desta matéria, sobre a situação nas unidades administradas pela pasta. (Flávia Oliveira e Catalina Leite)

 

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