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Especialista alerta para situação de abrigos para idosos
Reportagem

Especialista alerta para situação de abrigos para idosos

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Tipo Notícia

Diretor da Faculdade de Medicina da UFC e especialista em geriatria, o médico João Macedo Coelho Filho diz que medidas de isolamento decretadas pelo governo Camilo Santana (PT) são adequadas para controle do novo coronavírus, mas chama a atenção para situação de abrigos de idosos no Estado.

"Há uma boa base científica nas decisões do governo estadual e do Ministério da Saúde. Agora, há a questão das Instituições de Longa Permanência de Idosos, as chamadas ILPIs", diz. Segundo João, levantamento mais recente sobre abrigos do tipo, de 2008, aponta 30 unidades, albergando mais de mil idosos no Ceará.

Ele destaca que, nesses ambientes, a maior parte dos idosos tem mais de 80 anos e já desenvolveram doenças crônicas, como diabetes ou até sequelas de um AVC, e síndrome de fragilidade. Ele destaca que, como quase todas essas instituições estão vinculadas à área social, muitas não possuem profissionais de saúde para o atendimento dos albergados.

"É preocupante porque essas pessoas moram geralmente em condição de muita proximidade uns dos outros, e em instituições que muitas vezes não têm condições de fazer isolamento dos moradores, porque têm restrições financeiras muito grandes e condições muito precárias", diz.

"Isso tudo nos leva à preocupação que, chegando um caso em uma unidade desse tipo, pode haver uma transmissão rápida e massiva, e com consequências bem graves". Ele destaca que, recentemente, um ILPI em Washington, nos Estados Unidos, acabou com 50% de seus moradores contaminados. Deste total, 33% vieram a óbito. "Temos que ter um programa específico para evitar isso", defende.

João Macedo destaca que, após o início da crise, a Associação Brasileira de Gerontologia lançou nota cobrando medidas públicas para o segmento. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também expediu recomendações no mesmo sentido. "Mas ainda não há um acompanhamento mais sistemático dessas ILPIs. É preciso que haja um mapeamento", diz.

 

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