O clima no Brasil foi considerado por especialistas, no início da pandemia, como fator possivelmente atenuante da disseminação da infecção do novo coronavírus no País com relação a regiões do Hemisfério Norte. Para Luciana Costa, professora do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apesar de ainda ser "cedo" para avaliar a influência do fator climático, ao que tudo indica, ele não interfere na atuação do Sars-Cov-2 na população.

"Quando fala da questão climática temos que guardar as devidas proporções do ponto de vista populacional. Só dá para dizer isso quando tiver um clima mais frio aqui. Só vamos ter certeza se existe uma menor disseminação viral no verão, se tivermos uma maior disseminação no inverno", diz.

Da mesma forma, não foi identificada interferência climática na transmissão da Covid- 19 nas diferentes regiões do País. "O Ceará está com taxa de transmissão equivalente se comparado ao Rio de Janeiro. A diferença das curvas nas diferentes regiões não tem a ver com o clima, mas com início da infecção em cada local", esclarece. Ela destaca que a questão é de probabilidade e também está relacionada ao agrupamento de pessoas. "No clima frio, aumenta a aglomeração de pessoas em locais fechados", acrescenta.

"O fator do clima não tem comprovação científica", salienta Vitor Sudbrack, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Isso é falado por causa da influenza, que é uma gripe sazonal. É sazonal porque o pico é no inverno mas não quer dizer que não tenha o ano todo. A velocidade no Brasil, que tá calor, e na Europa, que é inverno, é parecida. Foi a mesma velocidade de propagação em temperaturas totalmente diferentes". (Ana Rute Ramires)