Durante reunião entre membros do Governo do Ceará e deputados estaduais, ontem, o secretário de Saúde do Ceará (Sesa-CE), Dr. Cabeto, relativizou a projeção de 250 mortes ao dia já para o começo de maio. O cenário ocorreria diante da flexibilização das medidas de isolamento. Na véspera, em reunião com empresários do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), ele mesmo alertou, sem ressalvas, para o risco iminente.

Todos os deputados ouvidos por O POVO confirmaram a versão. O líder do governo na Assembleia, Júlio César Filho (Cidadania), disse que o secretário reafirmou que a situação pode chegar ao ponto referido por ele, sim, se os decretos não forem cumpridos.

"Ele destacou que aquela reunião que ele fez com o Sinduscon não era pública, que estavam fazendo pressão para reabrir a construção civil, e ele respondeu que isso resultaria num crescimento exponencial e iria chegar naquele ponto", relatou o parlamentar.

Com base no que foi repassado pelo gestor aos deputados, o cenário pode se confirmar ainda se o Estado não conseguir adquirir respiradores e equipamentos de proteção individual (EPIs), por exemplo. "Existe uma competição mundial. A gente se antecipou muitos insumos. Mesmo assim, há essa dificuldade."

O responsável pelas Relações Institucionais do Governo, Nelson Martins, reforçou a versão de César Filho. "Isso foi questionado por um ou dois deputados, mas o Cabeto deixou bem claro que isso ai seria na condição de não se continuar com o isolamento social e na condição de não termos os respiradores."

Renato Roseno, opositor da Administração estadual, foi um dos que abordaram o tema com Cabeto, com base na manchete do O POVO dessa quarta-feira, 15. O socialista atesta que o secretário o respondeu que isso seria se nada fosse feito. Indagado, o líder do PDT na Assembleia, Guilherme Landim, atestou a alegação dos colegas de parlamento ouvidos por O POVO.

Na noite de ontem, a Secretaria da Saúde do Estado divulgou projeção que confirma o prognóstico feito pelo titular da pasta a empresários. Com base na metodologia chamada Filtro Kalman, que cruza os dados locais com o comportamento da epidemia em outros locais do mundo, o Ceará chegaria em maio a 266 ou 279 óbitos diários, na comparação com os óbitos italianos e estadunidense, respectivamente. (Carlos Holanda)