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Fila para UTI no Ceará tem 48 pacientes
Reportagem

Fila para UTI no Ceará tem 48 pacientes

Dificuldade na compra de equipamentos, principalmente respiradores, tem prejudicado ampliação de leitos. Ceará tem 2.413 casos e 135 óbitos
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 ENTRADA do Hospital Leonardo Da Vinci: unidade exclusiva para casos de coronavírus tem Fortaleza (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR ENTRADA do Hospital Leonardo Da Vinci: unidade exclusiva para casos de coronavírus tem Fortaleza

A fila de espera por leitos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pelo novo coronavírus no Ceará é de 48 pessoas. Todos os 180 novos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) estão ocupados, conforme a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Dificuldade na compra de equipamentos, principalmente respiradores, prejudica a ampliação nos leitos de tratamento intensivo, conforme a secretária executiva de Vigilância e Regulação da Sesa, Magda Almeida. A promessa da pasta é oferecer 800 leitos de tratamento intensivo exclusivos para pacientes com a Covid-19 até junho.

A taxa de ocupação das UTIs correspondente a pacientes infectados com o novo coronavírus é de 31% em relação à capacidade total de acolhimento da rede pública — que chegou a 100%. "Os números (de casos) podem estar crescendo mais devagar, mas a pressão assistencial já é grande pelo fato de não conseguir abrir os leitos. Está no limite", avalia a secretária executiva.

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Em meio a crise de leitos, a 3ª Vara da Fazenda Pública, determinou, na tarde desta quinta-feira, 16, a suspensão imediata do contrato administrativo entre a Prefeitura de Fortaleza e a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), responsável pela gestão do hospital de campanha do estádio Presidente Vargas, com previsão para 204 leitos de internamento comum que podem ser adaptados para UTI.

À noite, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) anulou a decisão. Segundo documento, assinado pelo presidente do TJCE, o desembargador Washington Luiz, a decisão da 3ª Vara da Fazenda Pública causava "lesão à saúde pública e à ordem administrativa". "A suspensão do contrato atenta contra a vida de tantas pessoas que necessitarão dos serviços médicos" afirma o texto.

A ocupação dos leitos do Hospital Leonardo Da Vinci, adquirido pelo Governo do Ceará para receber exclusivamente pacientes com coronavírus, pulou de de 8% para 64,7% em uma semana. Até as 23 horas de ontem, 16, 88 dos 136 leitos estavam ocupados, segundo os indicadores do IntegraSUS. A plataforma mostra que, na unidade, dos 28 leitos de UTI um estava vago. Segundo a Sesa, no IntegraSus o número de leitos é contabilizado UTI e enfermaria juntos por isso dá essa margem. Mas a secretaria garantiu que o leito vago seria de enfermaria. Os pacientes passam, em média, cinco dias internados. Na unidade de saúde, já foram registrados 13 óbitos e 46 altas hospitalares.

O Ceará registrou mais 11 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, em atualização de ontem, 16, chegando a 135 óbitos. O Estado possui 2.413 casos confirmados. Fortaleza soma 2.049 confirmações e 103 óbitos. Dos 184 municípios cearenses, 74 também registram pacientes com diagnóstico positivo para a Covid-19. Segundo o informe, 10.614 casos estão em investigação e o número de testes feitos atingiu a marca de 14 mil. A letalidade é de 5,6%.

Estudo divulgado pela Sesa projeta 250 óbitos por dia a partir do dia 5 de maio. A análise é baseada em comparação dos dados de óbitos do Ceará e do Brasil com países onde pandemia do coronavírus atingiu picos elevados de morte. O cenário é uma probabilidade caso a disseminação da doença evolua como nos Estados Unidos e Itália.

"Fazemos uma avaliação da ocupação dos leitos e enfermarias usando número real, que pode ser o número que existe hoje ou de UTIs que serão abertas", explica Magda. Isolamento social e medidas de restrição de mobilidade são essenciais para que a contaminação seja mais lenta.

No cenário nacional, o número de óbitos está prestes a chegar em 2 mil. São 1.924 mortes, enquanto as confirmações de pessoas infectadas chegaram a 30.425. O crescimento dos óbitos foi de 10% com relação ao número registrado no dia anterior, enquanto as pessoas infectadas chegaram a 30.425. São Paulo concentra o maior número de óbitos (853), quase três vezes o número do segundo colocado, o Rio de Janeiro (300). A taxa de mortalidade no País não teve alteração de um dia para o outro, continua em 6,3%. (Colaborou Rubens Rodrigues)

 

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