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População de rua sofre sem acesso a água potável
Reportagem

População de rua sofre sem acesso a água potável

Sede muitas vezes era resolvida enchendo garrafas em bares e restaurantes. Com estabelecimentos fechados, ações voluntárias se tornaram principal fonte de água
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FORTALEZA, CE, BRASIL, 15-04-2020: Moradores em situação de rua na Praça do Ferreira no Centro de Fortaleza, esta tendo um aumento de Pessoas em situação de rua na Praça do Ferreira. (Foto: Aurelio Alves/O POVO) REP 05.05.20 (Foto: Aurelio Alves/O POVO)
Foto: Aurelio Alves/O POVO FORTALEZA, CE, BRASIL, 15-04-2020: Moradores em situação de rua na Praça do Ferreira no Centro de Fortaleza, esta tendo um aumento de Pessoas em situação de rua na Praça do Ferreira. (Foto: Aurelio Alves/O POVO) REP 05.05.20

A população que vive nas ruas está entre os grupos mais desprotegidos para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. A falta de condições materiais para realizar a prevenção da Covid-19 é agravada pela dificuldade de elementos essenciais para a vida: alimentação e água. Iniciativas solidárias têm sido a principal fonte de suprimentos básicos e de afeto.

Uma delas é o projeto Auê do Amor que atua distribuindo alimentos desde o início do isolamento social. Já são 15 toneladas de alimentos e 4 mil refeições prontas entregues nas ruas e nas comunidades. "Nossa distribuição de rua é focada na região das avenidas Beira Mar e Abolição. Ontem, todos me pediram água. Foi assustador", conta Mariana Marques, coordenadora do projeto.

"Tentei entender o que tinha acontecido e o porquê de tanta sede. Disseram que recebiam água levando as garrafas e os restaurantes ou bares enchiam. Com o comércio fechado eles não têm (o apoio)", conta.

Nessa quinta-feira, 23, ao voltar da rua, Mariana postou em suas redes sociais um desabafo sobre a situação. Em resposta, a empresária recebeu contatos da iniciativa privada para contribuir na oferta de água para consumo das pessoas atendidas.

Outro grupo que também está atuando na Cidade é a Rede Rua, que está atendendo na sede do Grupo Espírita Casa da Sopa. Mesmo no Centro, onde o grupo atua, conhecido pela grande concentração de pessoas em situação de rua, não existem torneiras de fácil acesso e as entregas do poder público também não são suficientes.

"Distribuímos todos os dias água mineral e oferecemos banho. Água potável para beber é coisa rara na rua", afirma Lídia Valesca Pimentel. "Estamos numa luta para a abertura dos contêineres que estavam no projeto Corre pra Vida, mas não há previsão", acrescenta, mencionando iniciativa do Governo estadual voltada a pessoas em situação de rua ou em outros contextos de vulnerabilidade.

O secretário municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Renato Borges, explica que "a população de rua terá acesso à água para beber em novos equipamentos para higiene pessoal que serão abertos". Segundo Borges, a instalação desses equipamentos está em fase de estudos. "Além disso, distribuímos água mineral onde eles ficam", afirma.
(Marcela Tosi)

 

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