A política de isolamento rígida para Fortaleza aplicada a partir da próxima sexta-feira, 8, pelos governos estadual e municipal, determina que a saída de casa se dará apenas para serviços básicos, como hospitalar e compras de alimentos. Para isso, deve ser realizada justificativa para comprovar a extrema necessidade, com a obrigatoriedade do uso de máscara e fiscalização do Estado por meio do celular e videomonitoramento. O descumprimento pode acarretar responsabilização cível, administrativa e criminal, sem prejuízo do uso da força. A Federação de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio) já se manifestou e frisou que somente clientes utilizando a proteção da máscara serão atendidos.
Para comprovar a justificativa, será necessário apresentar documento, declaração ou outros meios adequados às situações. Critérios mais específicos devem ser divulgados hoje. Vai ajudar na fiscalização o monitoramento da localização das pessoas por meio do mapa de deslocamento produzido pelas quatro maiores operadoras de telecom do País - Oi, Claro, TIM e Vivo, que disponibilizaram o serviço ao governo.
O novo texto com a política de isolamento mais rígida, por meio de decreto, altera intensamente a rotina dos consumidores, mas não tanto a das empresas. A decisão, anunciada ontem pelo governador do Ceará, Camilo Santana (PT), e pelo Prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), mantém o funcionamento dos negócios essenciais, mas por meio de regras. Ou seja, permanecem de portas abertas os empreendimentos que englobam a cadeia da saúde e alimentos. Os demais setores operam apenas esquema de delivery. A multa diária de R$ 50 mil para estabelecimentos não essenciais abertos permanece.
No entanto, diante da exigência do uso de máscaras para quem estiver em deslocamento pela Cidade, a proteção se torna necessária para a entrada dos clientes nas lojas. Esse critério já é obedecido pela maquiadora Vanessa Moura, 30. Desde o início do isolamento social, ela sai de casa apenas para ir ao supermercado. O deslocamento é feito com muita cautela e temor, desde a máscara na face ao álcool em gel para higienizar as mãos e 70% para o carro e produtos.
Ela conta que até então essas saídas eram necessárias já que não tem o hábito de utilizar aplicativos de entrega para fazer a feira, mas, depois da última experiência, decidiu recorrer às plataformas. "Vou ter de adotar. Na última segunda-feira, precisei ir ao supermercado e fiquei muito assustada", relata.
"Vi aglomeração, gente usando máscara, mas, ao mesmo tempo, passando a mão no cabelo, no nariz, idosos e pessoas do grupo de risco circulando, perto uns dos outros", lista.
O presidente da Fecomércio-CE, Maurício Filizola, explica que as medidas adotadas em supermercados, farmácias e outros setores em funcionamento devem ser ampliadas pelos empresários. A entidade possui 36 sindicatos filiados no Ceará.
Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) frisou que os serviços bancários são considerados essenciais, por isso não podem ser completamente interrompidos e que as unidades operam conforme o direcionamento das autoridades sanitárias e do Banco Central. Os horários, explica, são das 9 às 10h para atender quem faz parte dos grupos de risco. Para os demais, das 10 às 14h e com limitação de pessoas na parte interna.
O momento é visto como oportunidade para o e-commerce. Thiago Sena, representante comercial da Mercadapp — empresa atendida pela aceleradora de startups Casa Azul Ventures e que dispõe de aplicativos para 30 supermercados no Ceará -, revela o crescimento significativo da venda online.
Ele comenta ainda que as novas restrições devem aumentar o uso de aplicativos de compras e, diferentemente do que ocorreu no início da pandemia, os sistemas de atendimento das plataformas online estarão preparados para atender com mais agilidade.
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