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No dia da marca de 16 mil mortes no País, Bolsonaro apoia nova aglomeração
Reportagem

No dia da marca de 16 mil mortes no País, Bolsonaro apoia nova aglomeração

Ato em defesa do presidente, realizado em Brasília, também pressionou pelo fim da quarentena, da qual ele é crítico. De novo, imprensa foi hostilizada e jornalista agredida
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O presidente brasileiro Jair Bolsonaro (saúda uma criança em traje militar durante uma manifestação em Brasília, em 17 de maio de 2020, em meio à nova pandemia de coronavírus (Foto: SÉRGIO LIMA / AFP)
Foto: SÉRGIO LIMA / AFP O presidente brasileiro Jair Bolsonaro (saúda uma criança em traje militar durante uma manifestação em Brasília, em 17 de maio de 2020, em meio à nova pandemia de coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro participou ontem de outra manifestação em Brasília, no momento em que o Brasil, o quarto com mais casos de Covid-19 no mundo, ultrapassa a marca dos 16 mil mortos pela doença. Acompanhado de perto por vários de seus ministros, Bolsonaro cumprimentou centenas de seguidores que se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto com bandeiras do Brasil, cornetas, alto-falantes e cartazes com seu nome e a favor do uso da hidroxicloroquina para tratar o novo coronavírus, entre outras mensagens.

Bolsonaro se aproximou de seus seguidores, separados apenas por grades. Tudo foi transmitido ao vivo nas redes sociais do presidente. Sempre minimizando a doença que já matou mais de 300 mil pessoas no mundo, o presidente usou suas redes sociais no fim de semana para continuar questionando as políticas de confinamento e elogiar o uso da cloroquina como tratamento contra a Covid-19, sem comentar os trágicos números do País. Simpatizantes dele também fizeram carreatas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O Brasil totaliza 241 mil casos e 16.118 mortes pela doença. Vários governadores e prefeitos relatam altas taxas de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTIs), o que ameaça um colapso do sistema público de saúde. Na cidade de São Paulo, epicentro da doença no País, com mais de 35 mil casos e quase 3 mil mortes até ontem, a prefeitura informou que as mortes aumentaram 432% em cinco semanas e alertou que o sistema de saúde da cidade pode entrar em colapso em 15 dias se esses índices continuarem a subir.

Governadores e prefeitos defendem as medidas de confinamento, mas são confrontados por Bolsonaro. O Judiciário decidiu a favor do direito constitucional das autoridades estaduais e municipais de decidir sobre medidas restritivas para enfrentar a crise da saúde.

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Ao participar do ato em Brasília, Bolsonaro ressaltou o fato de não haver faixa atentando contra a Constituição e o Estado Democrático de Direito, sem mensagens de críticas à democracia e, por exemplo, com defesa de fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Acompanharam o presidente na rampa dez ministros, entre eles Onyx Lorenzoni (Cidadania), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), André Mendonça (Justiça e Segurança Pública), Abraham Weintraub (Educação) e Bento Albuquerque (Minas e Energia). Também esteve presente o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente. Todos usam máscaras de proteção.

Nas faixas em frente ao Planalto havia dizeres como "Nossa bandeira jamais será vermelha" e "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". Há também manifestantes com Bandeiras do Brasil, além de Estados Unidos e Israel. Jornalistas flagraram equipes da segurança pedindo a retirada de faixas de conteúdo mais agressivo, uma delas chamando os ministros do STF de "sabotadores.

Apesar da aparente calmaria, em relação à tensão de outros dias, houve um incidente com a repórter da Bande News, Clarissa Oliveira, quando uma apoiadora do presidente Bolsonaro bateu com o mastro de uma bandeira do Brasil na sua cabeça, no momento em que esperava para entrar ao vivo durante a manifestação em apoio ao governo, na capital federal.

Depois da agressão, a repórter relatou que o tom dos manifestantes foi "bastante agressivo" em relação à imprensa. A responsável pela agressão, de acordo com ela, circulava com a bandeira do Brasil chamando profissionais da imprensa de "lixo". Após acertar com a bandeira na cabeça da profissional, a mulher riu da situação e pediu desculpas, ainda aos risos.

Em nota, a direção de Jornalismo da Band lamentou "mais essa prova de desrespeito ao trabalho da imprensa". Segundo a emissora, foi feito o boletim de ocorrência. A Band afirmou que exige "punição exemplar a esse ato inaceitável de selvageria". 

Mourão testou negativo

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e sua esposa, Paula Mourão, testaram negativo para o novo coronavírus, mas vão permanecer em isolamento na residência oficial do Palácio do Jaburu até o resultado dos exames de contraprova. A informação é da assessoria de Comunicação Social da Vice-Presidência.

"O vice-presidente da República e sua esposa permanecem em isolamento na residência oficial do Jaburu, só devendo o vice-presidente Hamilton Mourão retornar ao expediente normal na quarta-feira, caso os exames de contraprova assim o autorizem", diz a nota.

Mourão e sua esposa foram submetidos aos exames no sábado, 16, logo depois de tomarem conhecimento de que um servidor que esteve próximo ao vice-presidente na quarta-feira, dia 13, teve confirmado teste positivo para a Covid-19.

Os registros positivos da doença na estrutura de primeiro nível do governo Bolsonaro têm sido comuns desde o começo da crise, a partir, principalmente, do episódio de uma viagem presidencial aos Estados Unidos, com direito a encontro com Donald Trump, em Miami, da qual resultaram mais de 20 infectados, inclusive ministros. O presidente Jair Bolsonaro, mesmo testado três vezes, não teria sido contaminado pelo vírus.

 

 

 

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