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Proporcionalmente, País é o 121º entre 215 territórios no ranking de testes
Reportagem

Proporcionalmente, País é o 121º entre 215 territórios no ranking de testes

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Equipe médica tira uma amostra de saliva de um homem em uma instalação de testes de Covid-19 em Moscou  (Foto: Vasily MAXIMOV / AFP)
Foto: Vasily MAXIMOV / AFP Equipe médica tira uma amostra de saliva de um homem em uma instalação de testes de Covid-19 em Moscou

Comparar países de dimensões diferentes a partir do número absoluto de casos é, para dizer o mínimo, injusto. É isso que o presidente da República, Jair Bolsonaro, usa para justificar o fato de o Brasil ser o terceiro com mais casos no Mundo.Mas mesmo em números absolutos, a testagem do Brasil é destaque negativo.

Estima-se que o Brasil seja a sexta maior população do mundo, atrás de China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Paquistão. No ranking de testes, apesar de ser um dos epicentros de transmissão do vírus, o País surge apenas como 14º a mais testar. São 735 mil exames, segundo números do Worldometers, para uma população de 209 milhões. Taxa de 3.500 testes para cada milhão de pessoas.

O número se mostra inexpressivo em comparação a outros países. Em fato, o Brasil é apenas o 121º que mais testa proporcionalmente, segundo o Worldometers, entre 215 territórios. Claro que, proporcionalmente, é muito mais fácil que as Ilhas Faroe — que fez quase 9 mil testes e tem 48 mil de população —, teste em massa do que a China, com 1,4 bilhão de habitantes. Até por isso o dado de testes por positivo é um bom guia, porque mostra o quanto o coronavírus avançou num território.

Entre países com mais de 10 milhões de habitantes, quem mais testa, proporcionalmente, é Portugal. Foram 674 mil exames, quase o mesmo número do Brasil, que tem a população 20 vezes maior. Caso a ex-colônia testasse tanto quanto o colonizador, já seriam 14 milhões de testes - em que se pese que o vírus foi detectado bem antes na Europa que na América do Sul, com portugueses iniciando testagem antes e já superando o ápice de infecção, ao contrário dos brasileiros.

O dado ajuda a explicar porque os 29 casos de Portugal são bem mais confiáveis que os 300 mil do Brasil. Mais testes, significa mais negativos e um controle mais realista da epidemia.

No Brasil, o jogo segue sendo de uma caça às cegas, com dados defasados, dimensão desconhecida e um lastro de mortes que só cresce. (André Bloc)

 

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