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"Protocolo federal não se sobrepõe ao estadual"
Reportagem

"Protocolo federal não se sobrepõe ao estadual"

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Tipo Notícia

Coordenador da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de Fortaleza, o médico Antônio Silva Lima Neto afirma que as medidas anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro quanto ao uso da cloroquina
e da hidroxicloroquina
não têm validade na rede pública cearense.

"O protocolo do Governo Federal não se sobrepõe ao protocolo estadual", disse o profissional. "Evidentemente que isso não se refere a todas as unidades privadas."

Ainda em abril, a Secretaria da Saúde do Ceará publicou recomendações para a utilização do medicamento, prescrito apenas em situações específicas e de gravidade evidente.

Nesta semana, o Ministério da Saúde, sob a chefe interina do general Eduardo Pazuello, divulgou protocolo que libera a cloroquina para pacientes positivos para Covid-19 em estágio inicial da enfermidade.

Segundo especialistas, o uso precoce do medicamento pode acarretar efeitos colaterais e mesmo levar à morte por arritmia cardíaca.

No estado, porém, o documento não tem validade, embora a substância possa ser encontrada em hospitais de redes particulares e planos de saúde a estejam distribuindo.

Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Governo Federal, médica e ex-candidata ao Senado pelo PSDB, Mayra Pinheiro defende o uso precoce da medicação.

Nome que vem ganhando espaço dentro do Ministério da Saúde de Bolsonaro, Mayra avalia que as trocas de comando na pasta não têm afetado o combate à pandemia.

"O ministério tem um grupo técnico de alto nível que mantém as ações funcionando. Não há prejuízo às atividades", disse.

Questionada se a recomendação da cloroquina neste momento assegurava tranquilidade para a volta ao trabalho no Ceará e outros estados, a médica falou "as atividades devem ser retomadas segundo planos regionais" e que "a doença acontece em tempos diferentes em cada local".

Para ela, no entanto, "é um erro uniformizar condutas como se a situação fosse a mesma no interior do Ceará e em Fortaleza". E concluiu: "Outro erro é infligir medo, pânico, aplicar medidas autoritárias como as que estamos assistindo".

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