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Queda de 1,5% do PIB inicia processo de nova recessão no Brasil
Reportagem

Queda de 1,5% do PIB inicia processo de nova recessão no Brasil

Retração da economia do Brasil será ainda maior neste segundo trimestre, por conta dos impactos mais fortes da pandemia do coronavírus em todos os setores. Expectativa é que a queda seja de 5% a 7% em 2020
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ATIVIDADES econômicas estão sendo fortemente impactadas com a crise causada pela pandemia (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves ATIVIDADES econômicas estão sendo fortemente impactadas com a crise causada pela pandemia

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro amarga queda de 1,5% no primeiro trimestre deste ante igual igual período de 2019. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de ter impactado, a avaliação indica que a pandemia causada pelo novo coronavírus ainda não pode levar a culpa sozinha pelo resultado negativo.

Em 2019, o mercado de trabalho não se recuperou como o esperado, afetando o consumo das famílias. Na comparação com os três primeiros meses de 2019, o PIB caiu 0,3%. Em 12 meses, acumula alta de 0,9%. A partir de agora, no entanto, os efeitos da crise sanitária devem chegar com mais força. Os dados anunciam uma recessão, com possibilidade do indicador despencar 5%, segundo estimativa do Banco Central.

O economista Alex Araújo explica que os altos índices de desemprego impediram uma melhora da recuperação econômica no início deste ano. "Todas as estatísticas, principalmente de produção de emprego, já vinham mais fracas do que foi em 2019. Como não tivemos uma retomada do mercado de trabalho, afetou muito o consumo. Iniciamos o ano com problemas de demanda interna", diz.

Ele acrescenta que o percentual de queda ainda pode ser superior a 5%, chegando aos 7%. No entanto, dependerá da ações de enfrentamento ao novo coronavírus. No Ceará, explica, a tendência é de retração maior que a nacional. Isso porque a estrutura econômica foi muito prejudicada, com o queda na atividade do setor de serviços e fechamento de fábricas calçadistas, por exemplo. Além disso, pela gravidade da doença no Estado. "Devemos ter um resultado bem pior. A expectativa é que o plano de retorno gradual das atividades amenize isso", observa.

O diretor geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), professor João Mário Santos, pondera que o Estado estava crescendo acima da média nacional. No segundo trimestres de 2019, houve um crescimento de 2,08%. Para esse ano, a projeção era de alta 2,38%.

"Ainda estamos fazendo essa conta, mas deverá ter o impacto da pandemia no primeiro trimestre. No entanto, ainda é cedo afirmar se vamos seguir o mesmo ritmo que o País. Nos demais períodos, certamente, veremos uma retração maior devido aos fechamentos das atividades durante o isolamento social", frisa.

A retração foi puxada principalmente pelos serviços, que recuaram 1,6% na passagem do último trimestre de 2019 para o primeiro trimestre deste ano. Mas houve queda também de 1,4% na indústria. A agropecuária foi o único setor que cresceu (0,6%).

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias caiu 2%. "Aconteceu no Brasil o mesmo que ocorreu em outros países afetados pela pandemia, que foi o recuo nos serviços direcionados às famílias devido ao fechamento dos estabelecimentos. Bens duráveis, veículos, vestuário, salões de beleza, academia, alojamento e alimentação sofreram bastante com o isolamento social", afirma a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Também caíram as exportações (-0,9%). Ao mesmo tempo, cresceram o consumo do governo (0,2%) e a formação bruta de capital fixo, isto é, os investimentos (3,1%), além das importações (2,8%). (Com agências)

 

FORTALEZA, CE, BRASIL, 03-04-2020: Homem fechando loja na Avenida Gomes de Matos. Movimentação na Avenida Gomes de Matos no Bairro Montese, uns dos maiores corredores de comercio, e todas as lojas fechadas, com grades movimentação nas agencias bancarias em época de COVID-19. (Foto: Aurelio Alves/O POVO) CORONA 05.04
FORTALEZA, CE, BRASIL, 03-04-2020: Homem fechando loja na Avenida Gomes de Matos. Movimentação na Avenida Gomes de Matos no Bairro Montese, uns dos maiores corredores de comercio, e todas as lojas fechadas, com grades movimentação nas agencias bancarias em época de COVID-19. (Foto: Aurelio Alves/O POVO) CORONA 05.04

Queda de 1,5% do PIB inicia processo de nova recessão no Brasil

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro amarga queda de 1,5% no primeiro trimestre deste ante igual igual período de 2019. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de ter impactado, a avaliação indica que a pandemia causada pelo novo coronavírus ainda não pode levar a culpa sozinha pelo resultado negativo.

Em 2019, o mercado de trabalho não se recuperou como o esperado, afetando o consumo das famílias. Na comparação com os três primeiros meses de 2019, o PIB caiu 0,3%. Em 12 meses, acumula alta de 0,9%. A partir de agora, no entanto, os efeitos da crise sanitária devem chegar com mais força. Os dados anunciam uma recessão, com possibilidade do indicador despencar 5%, segundo estimativa do Banco Central.

O economista Alex Araújo explica que os altos índices de desemprego impediram uma melhora da recuperação econômica no início deste ano. "Todas as estatísticas, principalmente de produção de emprego, já vinham mais fracas do que foi em 2019. Como não tivemos uma retomada do mercado de trabalho, afetou muito o consumo. Iniciamos o ano com problemas de demanda interna", diz.

Ele acrescenta que o percentual de queda ainda pode ser superior a 5%, chegando aos 7%. No entanto, dependerá da ações de enfrentamento ao novo coronavírus. No Ceará, explica, a tendência é de retração maior que a nacional. Isso porque a estrutura econômica foi muito prejudicada, com o queda na atividade do setor de serviços e fechamento de fábricas calçadistas, por exemplo. Além disso, pela gravidade da doença no Estado. "Devemos ter um resultado bem pior. A expectativa é que o plano de retorno gradual das atividades amenize isso", observa.

O diretor geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), professor João Mário Santos, pondera que o Estado estava crescendo acima da média nacional. No segundo trimestres de 2019, houve um crescimento de 2,08%. Para esse ano, a projeção era de alta 2,38%.

"Ainda estamos fazendo essa conta, mas deverá ter o impacto da pandemia no primeiro trimestre. No entanto, ainda é cedo afirmar se vamos seguir o mesmo ritmo que o País. Nos demais períodos, certamente, veremos uma retração maior devido aos fechamentos das atividades durante o isolamento social", frisa.

A retração foi puxada principalmente pelos serviços, que recuaram 1,6% na passagem do último trimestre de 2019 para o primeiro trimestre deste ano. Mas houve queda também de 1,4% na indústria. A agropecuária foi o único setor que cresceu (0,6%).

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias caiu 2%. "Aconteceu no Brasil o mesmo que ocorreu em outros países afetados pela pandemia, que foi o recuo nos serviços direcionados às famílias devido ao fechamento dos estabelecimentos. Bens duráveis, veículos, vestuário, salões de beleza, academia, alojamento e alimentação sofreram bastante com o isolamento social", afirma a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Também caíram as exportações (-0,9%). Ao mesmo tempo, cresceram o consumo do governo (0,2%) e a formação bruta de capital fixo, isto é, os investimentos (3,1%), além das importações (2,8%). (Com agências)

 

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