A inflação chegou aos níveis mais baixos desde o Plano Real (1994) durante a pandemia de Covid-19. O desaquecimento causado pelos decretos de isolamento paralisou as atividades econômicas. A pressão sobre os preços de produtos deve ficar em 1,5% neste ano, segundo expectativa do mercado, bem abaixo da prévia estabelecida pelo Governo de inflação de 4% e limite de 2,5%. Para o período pós-crise, o cenário de retomada da economia deve pressionar a inflação, mas uma alta acima dos níveis pré-crise é improvável até 2021.
Durante o isolamento, o que destoou nos levantamentos sobre o preço dos produtos foi a alta do grupo alimentos e bebidas, com destaque para os itens da alimentação em casa. Na retomada das atividades, o preço da alimentação também deve ser o mais impactado pela inflação pelo impacto da refeição fora de casa, diz o economista Gilberto Barbosa. Ainda assim, para ele, "a expectativa é que a inflação permaneça baixa no curto prazo, pela fragilidade da economia, que é o principal fator de influência o índice".
Veja análise de Mauro Rochlin, professor dos MBAs da FGV:
De acordo com o último Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) - uma prévia da inflação - a alta de preços em Fortaleza é quatro vezes maior do que a média nacional no acumulado entre janeiro e maio, o que faz qualquer variação pesar mais no bolso do consumidor.
As informações de que alguns reajustes de preços serão postergados devido à crise, anima o consumidor, mas o efeito no longo prazo pode não ser tão positivo. O Senado aprovou projeto de lei que prevê o congelamento de preços de remédios e planos de saúde por até 60 e 120 dias, respectivamente. Na semana passada, a Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE) moveu ação civil pública contestando a revisão tarifária da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e a 10ª Vara da Fazenda Pública suspendeu liminarmente a alta de 15,86% e permitiu apenas 4,31%.
Um decreto com socorro financeiro às concessionárias do setor elétrico também evitou tarifaço durante a pandemia a partir do desembolso de mais de R$ 15 bilhões, sob a condição de que os reajustes tarifários sejam feitos somente passada a crise. O alívio para o consumidor nas contas de água, luz, despesas médicas e remédios, derrubam ainda mais a inflação, mas Gilberto Barbosa alerta que adicionais de tarifa devem ser repassados no médio e longo prazo.
Para o professor do curso de Finanças da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFC, Pablo Urano de Carvalho Castelar, como houve redução significativa do índice por causa de um choque que afeta todos ao mesmo tempo na pandemia, a tendência é que tudo caia uniformemente ao patamar anterior e as colocações entre os estados fiquem estáveis. Por isso, Fortaleza permanece como destaque negativo nos índices de inflação.
Para a retomada, Castelar condiciona a retomada anterior dos índices de inflação a uma possível atuação do Governo em agenda investimentos públicos, o que faria o dinheiro voltar a girar na economia. No primeiro momento, porém, o Brasil voltaria às atividades no pós-crise enfrentando uma crise nos moldes da de 2015.
"A situação de todo o mundo é crítica, mas a do Brasil, especialmente. A inflação baixa é positiva, pois a população não perde seu poder aquisitivo com o passar do tempo, pela desvalorização natural da moeda, mas o cenário é extremamente complicado", diz.
Por causa da queda do poder aquisitivo, o professor destaca que alguns grupos devem ser menos pressionados pela inflação. É o caso da educação, com a redução do gasto com artigos escolares, investimentos em cursos e educação complementar após a crise, devido a queda do poder de consumo.
Vídeo com análise do presidente do Corecon-CE, Ricardo Coimbra:
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