Movimentos contrários ao governo Jair Bolsonaro promoveram ontem uma série de manifestações pacíficas em pelo menos onze Estados e o Distrito Federal. Com bandeiras diversas, desde o combate ao racismo à defesa da democracia, os atos concentraram aglomerações em Fortaleza e principalmente em São Paulo, onde ocorreu o maior protesto.
Apesar da expectativa por conflitos entre manifestantes contrários e a favor do governo, os atos ocorreram sem cenas de violência em quase todo o País. Maior exceção foi na capital paulista, onde, após várias horas de manifestação pacífica, protesto terminou em confronto já pela noite com a Polícia Militar, que usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes.
Secretário-executivo da PM-SP, o coronel Álvaro Batista disse que as pessoas que entraram em confronto não eram as mesmas que protestavam antes na região. "Meia dúzia de vândalos não representam os manifestantes. O dia inteiro o protesto ocorreu de forma pacífica", diz. Mais cedo, grupo de cerca de 100 pessoas fez protesto favorável ao presidente na Avenida Paulista, com faixas pedindo "intervenção militar" e ataques ao governador João Doria (PSDB).
Em Brasília, manifestantes ocuparam parte da Esplanada dos Ministérios em protesto contra o presidente. A Polícia Militar fez um cordão de isolamento para impedir avanço do protesto até a Praça dos Três Poderes. Como ocorreu em 2016, durante processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) grupos pró e contra o governo foram divididos entre os lados da Esplanada.
Outros protestos foram registrados em capitais como Fortaleza, Belém, Rio, Manaus, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Goiânia e Belo Horizonte. Na capital mineira, a concentração fez marcha pacífica entre a região sul e o centro da cidade. Em Belém, forte esquema de segurança impediu uma manifestação contra o presidente logo pela manhã.
Sempre ativo em manifestações favoráveis ao governo, o presidente Jair Bolsonaro, que já chegou a discursar em atos e até ir a cavalo em um deles, silenciou ontem sobre protestos contra o Planalto. Pela manhã, ele chegou a ir até a Porta do Palácio do Alvorada, onde cumprimentou aliados, voltou a criticar medidas de isolamento, mas não tocou no assunto.
Até a noite, o presidente também não tinha se manifestado diretamente nas redes sociais sobre os protestos. No Twitter, ele chegou a provocar indiretamente os atos, compartilhando escudo da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que atuou na 2ª Guerra Mundial. "Derrotamos o nazismo e o fascismo", disse. Atualmente, parte dos grupos que integram atos contra o presidente se classificam como "antifascistas".
Pela manhã, circularam nas redes sociais imagens do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, circulando entre manifestantes pró-governo e até cumprimentando agentes de segurança que faziam a divisão dos protestos na Esplanada. Apesar disso, o ministro negou que tenha participado do ato.
No Twitter, Heleno disse que foi até o local apenas para "agradecer pelo trabalho das Forças Armadas". "Não fui participar de manifestação", diz. (com Agência Estado)