O primeiro dia de reabertura gradual de atividades durante a pandemia do novo coronavírus teve uma taxa de isolamento de 41% - o menor desde o decreto estadual publicado em 19 de março que estabelecia o isolamento social no Ceará.
Na data, 50% da população fortalezense se encontrava em isolamento, sendo semelhantes, em ambas as ocasiões, os números relativos ao estado. Em relação ao Brasil, na semana que está em curso, a taxa de isolamento oscilou entre 38 e 39%. As informações são da plataforma Farol Covid e da empresa de monitoramento por celular In Loco.
Para o epidemiologista Marcelo Gurgel, que integra o grupo de estudos sobre Covid-19 da Universidade Estadual do Ceará (Uece), a redução no isolamento era esperada e a Capital está relativamente bem estruturada para lidar com novos contágios, mas a população precisa ter cuidados para não chegar a um nível de isolamento entre 30% e 35%.
"Uma queda de nove pontos percentuais no índice de isolamento é até aceitável. Muitos setores da economia abriram as portas novamente e as pessoas saíram para trabalhar. Além disso, havia uma ansiedade de grande parcela da população que esteve há 80 dias em isolamento e viu nesta semana a chance de sair de casa. Pode ser que nos próximos dias haja uma acomodação, com o arrefecimento dessa vontade de sair, ainda que o fluxo de pessoas fora de casa aumente, visto que outros setores vão recomeçar a funcionar", afirma.
"50% (no dia 19 de março) já não era um índice de isolamento bom. O risco está nos próximos dias. Estado e Prefeitura devem intensificar o monitoramento. Se a taxa de isolamento daqui chegar a 35% ou 30%, será bastante arriscado", ressalta.
O índice de redução do uso de transportes públicos na Capital também reflete a primeira semana de reabertura. Fortaleza esteve ontem com 62% a menos de pessoas utilizando o serviço, o que já representa quase 15% de crescimento em relação às últimas semanas de maio.
"Em comparação com outras cidades do Brasil, a porcentagem de Fortaleza é a mesma de Recife e menor que em Salvador, que está com -67% desde março. Foi na capital cearense onde registramos a maior média de redução no Brasil. A redução em Fortaleza empata com a da região de Nova York, também com -62%. Já começa a se aproximar do índice de cidades como Milão (-58%) e Paris (-57%), de países que foram afetados bem antes que o Brasil pela pandemia", aponta Pedro Palhares, gerente geral do Moovit no Brasil.
Questionada sobre o fluxo de passageiros na Capital, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) informou em nota que "constatou o fluxo de 35% na fase 1 de flexibilização das atividades econômicas em Fortaleza. A programação da frota de ônibus chega a 70% de um dia útil. Nesta fase 1 estão disponíveis 1,2 mil ônibus e foi observada uma média de 320 mil passageiros/dia. A quantidade de ônibus está disponível de acordo com a demanda de usuários e são incluídos ônibus extra nas linhas de maior demanda".
A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) informou que a redução do fluxo de veículos particulares na Capital foi de 31%.