Os municípios de Juazeiro do Norte e Iguatu, que atualmente, segundo a plataforma IntegraSus, da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), estão na 12ª e 25ª colocação das cidades com maior número de casos confirmados, podem saltar para os 2º e 3º lugar em até 30 dias. A projeção foi feita pelo portal Geocovid-19, que combina recursos de geotecnologia, inteligência artificial e dados epidemiológicos para monitorar e prever a evolução da Covid-19. "Comparamos dados de 30 dias atrás com as informações atuais e observamos que está havendo uma ampliação do contágio na região do Araripe, especialmente Juazeiro do Norte, Crato e Iguatu. Também notamos um crescimento causado pela dispersão dos casos em Sobral para municípios próximos. Seria preciso, nesse espaço de tempo, estabelecer um isolamento social mais rígido ou prolongá-lo nessas localidades", indica Washington Rocha, professor titular de Geotecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
O grupo de pesquisadores que reúne organizações acadêmicas, empresas de tecnologia e organização do terceiro setor utiliza informações geoespaciais para analisar o fluxo de pessoas entre os municípios. "Fortaleza é um exemplo de que essa nova abordagem tem um efeito importante. Um dos fatores que explica o comportamento da Covid-19 na cidade foi exatamente a presença do hub internacional (ponto de conexão de voos). Juazeiro do Norte e Sobral também possuem aeroportos e, por mais que agora eles não estejam funcionando, já estiveram, o que permitiu a entrada de infectados", detalha.
"Além disso, todos esses locais com infraestrutura de transporte e com certa distribuição de malha ou entroncamentos rodoviários importantes são pontos de ampliação da contaminação. O transporte de carga, por exemplo, continua no Brasil todo. Muitas cidades que estão à margem das rodovias e são pontos de parada são também locais de dispersão da Covid", explica.
O pesquisador alerta sobre a necessidade dos gestores dessas cidades se anteciparem à explosão de casos. "Uma segunda onda de contágio ainda mais intensa pode vir a acontecer em Fortaleza, vinda justamente do Interior. É preciso pensar se a capacidade de atendimento hospitalar poderá dar conta", afirma.
O Ceará chegou ontem a 103.118 casos confirmados e 5.895 mortes por coronavírus, com 20 óbitos ocorridos da quarta-feira para a quinta. Fortaleza é acumula a maior quantidade de casos, 34.448, e óbitos, 3.235, em decorrência da doença. Em seguida vêm Sobral e Caucaia, que contabilizam 5.988 e 3.458 casos, respectivamente.
O Brasil teve 1.141 novas mortes registradas nas últimas 24 horas, de acordo com atualização do Ministério da Saúde divulgada ontem. É o terceiro dia consecutivo mais de 1,1 mil mortes no período. Ao todo, foram 54.971 óbitos. São Paulo (13.759), Rio de Janeiro (9.450), Ceará, Pará (4.748) e Pernambuco (4.488) são os estados com maior número de mortes.