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Deputados criticam presidente; aliados veem decisão como "estratégica"
Reportagem

Deputados criticam presidente; aliados veem decisão como "estratégica"

Parlamentares. Recuo
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Deputados federais do Ceará avaliam que Jair Bolsonaro (sem partido) adotou nova estratégia política ante a escalada da crise sanitária, a qual se combina o avanço de investigações no Supremo Tribunal Federal e no Ministério Público do Rio de Janeiro com potencial de estrago na família presidencial. Mas, para eles, essa pacificação é provisória.

"É da índole do Bolsonaro essa instabilidade emocional", afirma o líder da oposição na Câmara dos Deputados, André Figueiredo (PDT).

Para o pedetista, "evidentemente que ele está se sentindo um tanto acuado agora por conta dessas investigações que pairam sobre o filho dele (Flávio Bolsonaro) e também por conta de que a política de enfrentamento contra as instituições da República gerou um grande desgaste para ele".

O parlamentar avalia que recuar foi "necessidade tática momentânea", mas que não deve se converter em hábito dentro do Planalto. "Mais cedo mais tarde, Bolsonaro volta com a mesma política de beligerância e consequentemente a gente não sabe aonde iremos parar", projeta.

Também deputado federal, Célio Studart (PV) classifica o recuo bolsonarista como "absolutamente estratégico e necessário para a sustentação dele", já que "a cada dia fica mais visível que não há sustentação política e nem econômica para as reformas tributária e administrativa que o Guedes defendia".

Deputado do PSL e presidente do partido pelo qual Bolsonaro se elegeu em 2018, Heitor Freire discorda do colega de Casa. "O presidente sabe que a condução de um governo é construída por meio de diálogo, composições amigáveis e republicanas", responde. "Creio que esse é o caminho que ele está seguindo, com intenção verdadeira e trabalho nesse sentido."

Eleito na onda do bolsonarismo, o deputado estadual Delegado Cavalcante (PSL) reconhece que o presidente está recorrendo a novo discurso em razão do que chama de "perseguição política".

"O presidente Bolsonaro mudou de estratégia porque às vezes, no que ele diz, faltando uma vírgula, o pessoal deturpa", considera Cavalcante, para quem Bolsonaro tem usado o silêncio para se resguardar. "Ele está sendo cauteloso, porque aí não tem o que falar dele", interpreta.

À frente do Endireita Fortaleza, o apoiador Adriano Duarte Vieira entende esse "novo normal" do Planalto "como uma adaptação tática na busca das metas econômicas e culturais".

"Como a direita começou a sua marcha de 'trás para frente'", segue o militante, "elegendo um presidente antes de construir bases para sustentá-lo, Bolsonaro está sendo obrigado a buscar apoio nas estruturas existentes já comprometidas". Para ele, "os riscos são inevitáveis, porém, contornáveis".

 

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