"Foi tudo tão frustrante, mas isso teve de passar rápido. Eu, como mulher negra, da periferia, e mãe solo, já tenho o costume de estar na luta. Independentemente da circunstância, eu não pude parar". É assim que a administradora e microempreendedora Zélia Costa, 36, relata a aflição de fechar as portas do seu negócio após três meses da abertura, em março, devido à pandemia.
O quiosque de comida regional Maria Bonita, na Aldeota, foi um sonho realizado graças à rescisão trabalhista. Uma forma também de ajudar a renda da mãe, que se tornou a cozinheira da microempresa. Quando a crise sanitária iniciou, a esperança de "que isso logo ia acabar" amainou o clima de tensão, mas, com o passar dos dias, o desespero foi inevitável.
Zélia buscou uma negociação com a imobiliária para conseguir manter o negócio e diminuir o prejuízo, enquanto não poderia reabri-lo. "Passei 30 dias com o estabelecimento fechado, tentando prorrogação e descontos no aluguel, mas eles eram irredutíveis. Foi horrível a sensação de derrota", recorda.
Durante o período em que esteve parada, fez um curso de finanças pessoais. O conhecimento adquirido sobre como lidar com o dinheiro, poupar, investir e reorganizar as contas ajudou a ter novas perspectivas e na tomada de decisões em meio às dificuldades.
"Eu vi que eu poderia pegar um empréstimo para manter o negócio aberto e correr atrás do prejuízo ou para quitar as dívidas, pagar o pessoal e investir em um delivery", conta. Ela fez então um cálculo, colocando todos os custos dos dois modelos de empreendimentos para definir qual a alternativa era a melhor naquele contexto.
Aproveitou a moto disponível em casa para o irmão fazer entrega e a mãe continuou fazendo os alimentos. Dessa forma, todos conseguiriam ter uma fonte de renda na crise. Para ela, as mudanças devem perdurar no pós-pandemia.
"Hoje, eu vejo que os custos de manter um estabelecimento aberto são bem mais altos e a escolha do local foi errada. Talvez, o ideal seria ter começado aos moldes de que estou operando hoje", calcula.
"Agora, com a minha empresa na periferia, aprendi que aqui é o melhor lugar para lidar com a crise. As pessoas se ajudam rapidamente, divulgam e isso tem levado minha empresa para frente", acrescenta.
"Diante de tudo isso, aprendi que independentemente da empresa ter um ou dois meses, é preciso começar a fazer uma reserva para emergências. Não adianta esperar para sobrar ou a empresa deslanchar. Tenho começado a guardar nem que sejam R$ 20, R$ 50 ou qualquer valor. É preciso ter essa educação para estar preparada nos momentos difíceis", considera.
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