Logo O POVO+
Sem WhatsApp, sem orientação no ensino
Reportagem

Sem WhatsApp, sem orientação no ensino

Edição Impressa
Tipo Notícia
KIARA EMILY e a mãe Clediane da Silva: medo que pandemia atrapalhe aprovação no IFCE (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves KIARA EMILY e a mãe Clediane da Silva: medo que pandemia atrapalhe aprovação no IFCE

Infortúnios em série foram se acumulando na vida da estudante Kiara Emily, 13, desde antes do início do isolamento, que provocou a paralisação das aulas presenciais. Aluna do nono ano, o último do Ensino Fundamental, da Escola Municipal Maria Helenilce Cavalcante Leite Martins, no bairro Conjunto Palmeiras, Kiara nem mesmo recebeu os livros didáticos deste ano, que poderiam auxiliá-la neste momento de estudos remotos.

Quando vieram os decretos, em março, a menina quebrou o celular e uma chuva forte queimou o modem da internet da casa da família. Num momento crucial de adaptação à nova rotina, ela se viu longe do grupo de WhatsApp da turma pelo qual poderia receber as atividades de cada matéria e as orientações dos professores.

"É complicado estudar em casa, é difícil conseguir se concentrar nas atividades. Quando soube que não iria mais ter as aulas presenciais, fiquei nervosa, porque eu não sabia como iria me adaptar a isso. Mesmo que eu mal saísse de casa já antes, eu ia à escola e era um espaço mais fácil de eu conseguir me concentrar, porque tinha o biblioteca, o ambiente de estudo é mais calmo", conta.

Com o contato de um professor de Português, Kiara conseguiu dar segmento apenas aos estudos dessa matéria. O professor passou a enviar as atividades para o celular da mãe da aluna, a dona de casa Clediane Silva, 37, que também só recebia as tarefas quando era possível ter crédito no aparelho.

A internet, depois de quase dois meses, foi consertada na casa de Kiara e, com um dinheiro extra, a família conseguiu recuperar um computador que tem auxiliado nas pesquisas dos estudos.

Mais recentemente, junto à cesta básica entregue pela Prefeitura de Fortaleza, Kiara recebeu cadernos de atividades de Português e de Matemática. Clediane, que fez até a sétima série do Ensino Fundamental, e o irmão Ismael, que está no terceiro ano do Ensino Médio, ajudam a tirar as dúvidas que têm surgido.

"A vontade dela sempre foi passar pro IFCE (Instituto Federal do Ceará), e escola profissionalizante depende muito de nota. Ela nunca repetiu de ano, nunca ficou de recuperação. E agora está com medo que isso aconteça. Esse temor deixou ela mais ansiosa, mais preocupada, estressada", detalha a mãe. (Domitila Andrade)

O que você achou desse conteúdo?