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Partidos intensificam conversas para disputa eleitoral na Região Metropolitana
Reportagem

Partidos intensificam conversas para disputa eleitoral na Região Metropolitana

Articulações nem sempre reproduzem, nos municípios mais próximos da capital, os acordos que estão sendo feitos na disputa pela prefeitura de Fortaleza. Muito menos respeitam as alianças feitas em torno do governo de Camilo Santana
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Camilo e Naumi, em Caucaia, aliança que a candidatura do PT inviabiliza (Foto: Alex Gomes, em 18/8/2018)
Foto: Alex Gomes, em 18/8/2018 Camilo e Naumi, em Caucaia, aliança que a candidatura do PT inviabiliza

O clima de eleição percebido nos comportamentos dos atores políticos não se restringe exclusivamente à Capital. A rotina de articulações vai se impondo também nos municípios localizados no entorno de Fortaleza, na Região Metropolitana. Por mais que o alastramento da pandemia do novo coronavírus tenha tomado o centro dos debates e ações, inclusive com repercussão na data dos pleitos municipais, adiados para novembro, a agenda política tem sido tocada paralelamente.

Especificidades à parte, é o que ocorre em Caucaia, Maracanaú, Aquiraz e Eusébio. Do ponto de vista econômico, são municípios que figuram na lista dos dez maiores PIBs do Ceará.

Maracanaú tem um parque industrial. Caucaia, a força do turismo, com as praias de Cumbuco e Icaraí que aquecem a economia da região. Ambas têm, respectivamente, os maiores PIBs do Estado, excluindo Fortaleza da conta. Vitórias em municípios desse porte, portanto, são significativas e estratégicas no jogo pelo poder.

No aspecto político, são cidades com semelhanças e diferenças. Em algumas delas, por exemplo, o governador Camilo Santana (PT), do alto de um capital político adquirido após reeleição com 80% dos votos, não deverá estar em palanques.

A extensa base aliada com a qual governa o Estado acomoda adversários históricos pelos municípios. Diante de disputas que o envolvem, sejam locais ou nacionais, o petista já demonstrou mais de uma vez que a alternativa é a neutralidade.

É o que se desenha na disputa em Caucaia, por exemplo, já que Elmano de Freitas (PT) e Naumi Amorim (PSD), atual prefeito, são aliados do governador. Caucaia é o maior município sob administração do PSD. Amorim, inclusive, é correligionário de Domingos Filho, ex-vice-governador no segundo mandato de Cid Gomes (2011-2014) que, por sua vez, comanda o grupo ao qual Camilo pertence.

Maracanaú era território em que a previsão era de calma para o petista, já que poderia se posicionar abertamente em favor do aliado Júlio César Filho (Cidadania), líder dele na Assembleia Legislativa, contra os adversários históricos liderados por Roberto Pessoa (PSDB), licenciado da Câmara dos Deputados para conduzir as articulações em torno do próprio nome. Em tese, isso não deverá mais acontecer porque o PT entrará na disputa na cidade após 20 anos ausente.

Há uma peculiaridade em Maracanaú. Embora PT e PSDB não tenham se bicado por décadas na maioria das regiões do País, a legenda de esquerda participa da gestão do tucano Firmo Camurça, inclusive com a titularidade da Secretaria da Juventude no município. É dessa pasta que sai Daniel Baima, que também é ex-vereador, como pré-candidato pelo partido de Camilo.

"De fato, o quadro mudou com a postulação do ex-secretário Daniel que é do PT. (...) Entretanto, como líder do governador na Assembleia construí com ele uma relação de confiança e respeito", argumentou Júlio César Filho em nota enviada ao O POVO sobre o provável impasse político. Ele se licenciou do mandato para centrar atenção no tema eleição, do qual se ocupará até o dia 15 de novembro, data do pleito.

Já em Caucaia, o prefeito Naumi Amorim (PSD) diz saber que uma eleição difícil o espera, visto que terá de enfrentar um arsenal de críticas à gestão vindas da oposição, que ensaia várias candidaturas. Demonstram interesse de entrar no páreo os deputados estaduais Vitor Valim (Pros), Elmano de Freitas (PT), as vereadoras Emília Pessoa (PSDB) e Natércia Campos (PMB), além do cientista político e professor Rodrigo Santaella (Psol).

A aliança que Capitão Wagner formou para si na Capital tende a ser replicada na cidade vizinha, pelo menos em parte. PSC e Republicanos já estão no arco de Valim. Afora Fortaleza, Caucaia é o único lugar com possibilidade legal de segundo turno, o que favorece o lançamento de várias candidaturas e, só posteriormente, no segundo turno, uma união.

"Caso a união (da oposição) não seja possível", afirma Valim, "no segundo turno tenho certeza que todos nós iremos apoiar projeto que chegue lá diferente da gestão atual, que infelizmente tem maltratado e muito os munícipes de Caucaia."

A eventual neutralidade de Camilo Santana no município, ele projeta, tornará o processo "mais isonômico". "Vamos esperar o andar da carruagem para ver como isso vai se proceder mesmo."

Se Camilo deverá estar distante, Naumi espera ver em Cid Gomes (PDT) uma liderança participante na caminhada rumo à reeleição. O senador pedetista é líder do grupo que governa o Ceará e Fortaleza. É do jeito de Cid e Ciro, conforme o mais novo afirma recorrentemente, governar o máximo de municípios via alianças.

Eleicoes 2020 região metropolitana de fortaleza
Eleicoes 2020 região metropolitana de fortaleza (Foto: luciana pimenta)

 

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