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O que dizem diretores de escolas e secretarias de educação
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O que dizem diretores de escolas e secretarias de educação

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Diretor do Colégio Ari de Sá, Oto de Sá Cavalcante aponta a importância de a escola estar sempre atenta a ouvir e, quando comprovada a denúncia, agir. "É preciso muita responsabilidade, porque podemos cometer injustiças. Mas temos que ter coragem e, se for o caso, demitir grandes professores. Nos cabe ficar atentos e rigorosos nessa questão, e criteriosos também."

Para o diretor, a grande aceitação do profissional por parte dos alunos não deve ser levada em conta. Com esse tipo de conduta, "ele não pode ficar na escola", afirma Cavalcante, que diz ainda que não se admite o retorno dos professores afastados ao colégio. Ele explica também que o Ari de Sá conta com ouvidoria para receber reclamações, e tem uma psicóloga em cada unidade da escola.

Desde 2005, o Colégio 7 de Setembro conta com uma ouvidoria, por meio da qual o contato pode ser feito de forma anônima. Com o movimento #exposedfortal e uma conversa realizada com os estudantes, o diretor da instituição, Henrique Soárez, conta que foi percebida a necessidade de se divulgar mais o canal.

"Nos nossos 85 anos de trabalho, sempre temos sido muito claros de que professor não pode se envolver com aluno. Os nossos professores têm a clareza disso. Claro que somos uma escola feita por seres humanos, ou seja, de tempos em tempos acontece. E temos uma tranquilidade de que todos os casos de que tomamos conhecimento foram tratados rigorosamente."

Ao lidar com o assunto, o diretor do colégio Lourenço Filho, Filgueiras Neto, afirma que a instituição age com cautela. De acordo com ele, os profissionais da escola são orientados a manter limites e a relação com as famílias depende de cada situação. "Cada caso é tratado particularmente, até porque isso não é um assunto a se expor perante os outros alunos. Tem a questão até da privacidade, normalmente são menores de idade."

No contexto do isolamento social e da suspensão das aulas presenciais, após o #exposedfortal, o colégio disponibilizou aos alunos e às famílias um canal por meio do Serviço de Orientação Educacional e Psicologia (Soep), com um profissional disponível para receber denúncias.

A escuta deve ser procedimento padrão das escolas, que devem ser um "espaço de fala" para os estudantes. Nela, os profissionais devem ter sensibilidade para perceber também o que não é expresso de forma clara, segundo a diretora das escolas Canarinho e Sapiens, Emília Luna.

"Se o jovem nos procura e nós silenciamos, ele também pode silenciar. E algo que o está angustiando e ele não tem recurso para resolver torna-se maior. Acho que nós, como instituição formadora, jamais podemos ignorar quando uma criança traz uma questão de angústia ou de assédio."

Em nota, a Secretaria Municipal da Educação (SME) explicou que, ao tomar ciência de uma denúncia envolvendo violação de direitos de crianças e adolescentes, a pasta comunica o Conselho Tutelar e abre sindicância para apuração dos fatos. Além disso, o caso é direcionado para a Procuradoria Geral do Município, onde será aberto um Processo Administrativo Disciplinar em relação ao servidor.

Também por meio de nota, enviada no dia 7 de julho, a Secretaria da Educação (Seduc) afirmou não ter sido comunicada oficialmente sobre as denúncias do #exposedfortal, mas adotará as providências necessárias para apuração dos fatos de forma legal, responsável e ética. A pasta afirmou também que ficará à disposição para prestar as informações aos órgãos competentes. (Gabriela Custódio)

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