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A "vacina de Oxford"
Reportagem

A "vacina de Oxford"

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Exames para Covid-19 realizados no Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz. (Foto: Josué Damacena / Divulgação Fiocruz)
Foto: Josué Damacena / Divulgação Fiocruz Exames para Covid-19 realizados no Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz.

O imunizante produzido pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria com a empresa AstraZeneca está na última fase de testes em voluntários no Brasil e é considerado o mais avançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os estudos demonstraram que a vacina é segura e é capaz de induzir anticorpos e gerar produção de células T - o chamado efeito duplo - resultado considerado muito positivo.

A tecnologia utiliza uma estratégia mais "refinada": é um adenovírus (grupo de vírus que normalmente causam doenças respiratórias) do resfriado comum dos chimpanzés, modificado em laboratório para transportar as instruções genéticas do coronavírus. A fábrica de vacinas Bio-Manguinhos, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), considerada a maior da América Latina, já estaria preparando as instalações.

O governo federal afirmou nesta semana que há a intenção de firmar um acordo com a empresa e a universidade para fornecimento de 30 milhões de doses até o fim do ano. Serão vacinas já prontas para a aplicação, pois a tecnologia da vacina não está disponível para produção nacional.

"O Brasil está sendo escolhido para ser uma das nações que vão receber as doses para testes porque somos, infelizmente, o segundo país do mundo com maior número de casos e mortes, atrás dos Estados Unidos. Os testes de vacina precisam ser feitos onde há os surtos: os pesquisadores testam uma parte da população e outra não, para depois comparar o número de casos na população vacinada, que deve ser menor do que na não-vacinada. E como aqui está cheio de casos, é o melhor lugar para testar. Imagino que todas as vacinas em desenvolvimento devam ser testadas aqui, por esse motivo", indica Cristina Bonorino, professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

Para Erika Freitas Mota, professora do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), tanto o Instituto Butantan quanto a Fiocruz teriam capacidade de desenvolver uma vacina inteiramente brasileira. "Infelizmente, não há recursos governamentais suficientes para tal empreitada, que costuma ser longa e dispendiosa, assim como o desenvolvimento de remédios. Também não há financiamento privado equivalente vindo das multinacionais e dos grandes laboratórios. Temos a tecnologia, mas o não investimento para fazer isso regularmente, por meio da pesquisa e inovação, o que é uma pena." (Flávia Oliveira)

 

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