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"Ruim com ele (Dnocs), muito pior sem ele', adverte Zita Timbó
Reportagem

"Ruim com ele (Dnocs), muito pior sem ele', adverte Zita Timbó

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A engenheira Zita Timbó é ex-funcionária do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e Recursos Hídricos (Dnocs), tendo trabalhado lá por 40 anos. A técnica, que atuou como engenheira chefe da equipe de execução da obra do Castanhão, uma das mais importantes barragens do Brasil, afirma que o órgão possui "uma responsabilidade enorme com o povo nordestino"."Aqui no semiárido a barragem é fundamental. Tem que acumular quando chove para usar quando não chove, e se a água for bem usada ela dura muito tempo, mas se não tiver uso adequado a qualidade pode ser péssima e é exatamente isso que o Dnocs sempre fez" avalia.

"Aqui em Fortaleza não se sente tanto, mas vai para Maranguape para ver quantas barragens e estações de piscicultura tem do Dnocs? A água que a gente bebe em Fortaleza anda 300 km em canal vindo do Castanhão. isso foi quem fez foi o órgão", diz. Zita lamenta a situação de desgaste e esquecimento no qual o órgão se encontra.

"É um órgão que não pode sair da paisagem do Nordeste. Ruim com ele muito pior sem ele. Mudou três gestores em dois meses, isso foi um caos. Juntou pandemia, corpo técnico envelhecido, a maioria se aposentando. A reestruturação a gente vem lutando há anos por isso. Nós, funcionários e poder Legislativo, inclusive de outros estados, fizemos inúmeras ações porque ou ele reestrutura ou morre" ressalta a engenheira.

Zita se afirma preocupada com a situação de esvaziamento e sucateamento. "Quando entrei, em 1980, ele tinha 14 mil funcionários, hoje tem pouco mais de 800. O que nos preocupa mais é como ficariam não só as barragens, mas os projetos de irrigação e as instalações de piscicultura, porque o semiárido só sobreviveu até agora por causa disso. Não é só engenheiros, mas fundamentalmente o povo do campo também. O zelador que acompanha a barragem na ponta, esse também está velho e as estruturas ficam abandonadas", critica.

Para renovar, Zita destaca que o processo só seria efetivo após a renovação da força produtiva. "Não adianta ter a maior expertise e não ter pessoal competente e sério" avalia. Segundo ela, as "mazelas" existentes na autarquia precisam ser revistas e organizadas. "O Dnocs precisa ser analisado pela nova gestão, que ninguém conhece", completa. E lamenta. (Filipe Pereira)

 

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