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Especialistas destacam necessidade de atendimento especializado para grávidas e puérperas
Reportagem

Especialistas destacam necessidade de atendimento especializado para grávidas e puérperas

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Especialistas indicam também impactos indiretos da pandemia no cuidado às mulheres grávidas ou às que estão na fase pós-parto. Pelo distanciamento social necessário para conter a transmissão do coronavírus e apesar da orientação do Ministério da Saúde de as consultas serem mantidas, houve uma "desaceleração na capacidade de atenção pré-natal", segundo a médica e pesquisadora Maria Gomes, coordenadora de ações nacionais e de cooperação do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

Ela observa, ainda, que as instituições de saúde devem estar estruturadas para tratar pacientes gestantes e puérperas com casos graves de Covid-19, considerando as especificidades exigidas por esse público, como questões fisiológicas da gestação e o próprio parto, que pode acontecer enquanto a mãe está na fase aguda da doença, além do cuidado ao recém-nascido.

A médica destaca a importância de todos os serviços necessários para o atendimento estarem, preferencialmente, em uma mesma unidade de saúde. Isso porque o processo de regulação de vaga, disponibilização e transferência de unidade de saúde gera atraso no atendimento. "O que o Brasil precisa hoje é ter muito claro que se precisa otimizar ao máximo, garantir todo o cuidado integral a uma gestante ou puérpera quando ela fica em uma condição de quadro moderado ou grave, porque é muito maior risco para a mortalidade."

A falta de uma política de rastreamento universal das gestantes, porém, impede por exemplo que se detecte as grávidas com Covid-19 que estão assintomáticas mas podem evoluir para um quadro grave. Caso fossem identificadas, elas poderiam ser monitoradas. Segundo trabalhos internacionais, essa parcela representa "uma porcentagem muito grande". Para Carla Andreucci Polido, então, o óbito é apenas "a ponta do iceberg".

"Para cada mulher que morre, temos de 20 a 30 outras que tiveram complicações graves e quase morreram. E essas mulheres ainda estão invisíveis no Brasil e no mundo inteiro, porque só temos acesso aos dados de morte, não estamos computando as mulheres que ficaram em UTI e que vão ter sequelas por causa dessas internações prolongadas e da própria Covid-19."

 

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