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Gabriela Almeida: política pode salvar, mas estão faltando vozes no debate
Reportagem

Gabriela Almeida: política pode salvar, mas estão faltando vozes no debate

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GABRIELA ALMEIDA (Foto: ARQUIVO PESSOAL)
Foto: ARQUIVO PESSOAL GABRIELA ALMEIDA

Em todas as instituições brasileiras criadas para discutir questões políticas o cenário é o mesmo: a grande maioria dos que realizam o debate são homens, brancos e heterossexuais. Isso porque a política foi idealizada para dar voz a sociedade mas, ironicamente, é usada como uma ferramenta de poder que representa apenas uma parte dela.

Como prova disso, temos grupos conservadores nos três Poderes e pouquíssimos representantes da diversidade religiosa, cultural, sexual e de gênero existente no País. O efeito desse fato é dramático, uma vez que são esses agentes políticos os responsáveis por identificar problemas sociais e criar projetos que impliquem na resolução deles.

E para reconhecer e entender essas problemáticas, é preciso ter uma proximidade com elas. Dessa maneira, se torna estritamente importante e necessário existir uma diversidade na ocupação política, para que a visão quase romântica de "dar voz a todos" não continue parecendo apenas ação de politicagem.

Um exemplo claro disso é que a homofobia só foi criminalizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado, três décadas depois do racismo ter se tornado um crime inafiançável. Em um país de formação homofóbica e racista, porque esses "avanços" vieram com tanto atraso se não pelo fato da ausência de políticos homossexuais e negros para impulsionar essas decisões?

Não é natural que o Brasil, cuja maioria populacional é composta por mulheres, tenha registrado em sua história apenas uma presidenta. Assim como também não é saudável que as mais de sete mil localidades indígenas existentes no País não tenham uma bancada na Câmara para representá-las, continuando desprotegidas da grilagem que as ameaçam constantemente.

A essas questões implicam outras, como o conservadorismo ao qual ainda parecemos estar estagnados. Por isso, falta ainda em grande parte dos políticos atuais interesse e ritmo para acompanhar a velocidade no qual os debates sociais acontecem.

Se essa ferramenta continuar centrada apenas em algumas mãos, como ela vai conseguir entender e defender todos? É urgente a ocupação de candidatos que representem vozes, cores, ideologias e gêneros de brasileiros que ainda precisam lutar por questões de direitos fundamentais, como a vida.

 

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