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Pandemia aumentou vulnerabilidade
Reportagem

Pandemia aumentou vulnerabilidade

Isolamento
Edição Impressa
Tipo Notícia

Não obstante a necessidade das medidas de isolamento social como forma de frear o contágio da Covid-19, a quarentena representa intensificação de vulnerabilidades. Para a maioria das vítimas de abuso sexual, significa ficar presa em casa com seu algoz. Isso se reflete na redução dos registros do crime.

Entre os meses de janeiro e julho de 2020, foram registrados 664 casos de vítimas de estupro com idade entre zero e 14 anos no Ceará, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). No mesmo período de 2019, foram 715 casos, resultando em uma diminuição discreta de 7,1%.

"O isolamento tem sido uma medida importante para manter a disseminação do vírus. Mas, muitas vezes, as vítimas de violência acabam confinadas com seus agressores. Esse período tem trazido muitos desafios com relação à proteção de crianças e adolescentes", alerta Luiza Teixeira, especialista em proteção do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil.

Com o isolamento, crianças e adolescentes deixaram de circular em ambientes, onde se percebe os indícios de que a vítima está sofrendo abuso, aponta Isabelle Nogueira, supervisora do atendimento psicossocial do Programa Rede Aquarela, vinculado à Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci).

"Muitas vezes, a denúncia parte da escola, do vizinho, das unidades de saúde, que tiveram consultas eletivas suspensas. Isso inibe a notificação junto à autoridade policial. A criança está sob poder do agressor. Isso mascarou ainda mais a violência sexual infantojuvenil", avalia.

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