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Questão racial ganha peso definitivo na iminência das eleições presidenciais dos EUA
Reportagem

Questão racial ganha peso definitivo na iminência das eleições presidenciais dos EUA

Pleito será em novembro e põe frente a frente Donald Trump, de retórica anti-representatividade, e Joe Biden, ex-vice de Obama e cuja vice, Kamala Harris, é uma mulher negra
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Kamala Harris, senadora democrata, candidata à vice na chapa de Joe Biden (Foto: DOULIERY / AFP)
Foto: DOULIERY / AFP Kamala Harris, senadora democrata, candidata à vice na chapa de Joe Biden

É impossível desvincular o debate antirracista da discussão política-eleitoral, especialmente neste ano, no qual movimentos foram às ruas em todos os estados americanos para reivindicar mudanças no sistema de segurança dos Estados Unidos; considerado desigual e racista. Na medida em que violência como as contra George Floyd e Jacob Blake amontoam-se, cai por terra a narrativa de "caso isolado" defendida, principalmente, por alas mais conservadoras que insistem em ignorar a recorrência instrumentalizada das ocorrências.

Para além dos desdobramentos relacionados à pandemia do novo coronavírus, que fizeram a popularidade do presidente Donald Trump despencar, as eleições dos EUA neste ano passarão — e muito —, pelo debate racial. Desde que elegeu-se, em 2016, o republicano sempre atacou grupos identitários, dentre eles os movimentos negros, de imigrantes e feministas. A Covid-19 teve como reflexo o agravamento da desigualdade, afetando mais severamente esses três segmentos deixados de lado pelo atual gestor e que devem votar, em sua maioria, junto à oposição.

Sabendo do histórico conflituoso de Trump com essa parcela da população, a campanha do candidato democrata Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama, inteligentemente escolheu Kamala Harris, senadora com experiência na vida pública e que representa ao mesmo tempo comunidades negra, de ascendência asiática e feminina, para disputar o cargo de vice. Os efeitos foram sentidos horas depois, quando cerca de US$ 50 milhões foram doados à chapa democrata em menos de 48 horas. Segundo pesquisas, eles têm vantagem em estados-chave, inclusive alguns fundamentais para eleger Trump em 2016.

Entretanto, a estratégia da oposição passa também por dialogar com os republicanos que não apoiam totalmente a cartilha do presidente. Na semana passada, durante a convenção democrata, diversas lideranças, dentre elas a ex-primeira-dama Michelle Obama, figura mais popular dentro da legenda na atualidade, discursaram e proferiram duras críticas a Trump, tendo extremo cuidado em desvincular a culpa do partido republicano — algo incomum em época de acirramento das campanhas. A esta altura do campeonato não cabe mais espaço para dúvidas. A pauta racial pode e deve ter poder decisivo na corrida pela Casa Branca. 

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