No mesmo sentido em que as novas formas de comunicação influenciaram na mudança de perspectiva acerca do formato das campanhas políticas, consequentemente, o mercado de trabalho que há por trás da corrida eleitoral também está se modificando. Isto porque a acessibilidade dos novos meios de comunicação tornou mais volátil a contratação de profissionais, os quais passam a integrar equipes cada vez menores.
Nas redes sociais e plataformas, onde é permanente a busca por públicos maiores e segmentados, o custo de fazer publicidade na internet é menor do que nas mídias tradicionais. Nas campanhas não é diferente, candidatos tentam mais efetividade de alcance e de resultado. Para isso, empresas se adaptam no sentido de oferecer serviços mais especializados e cuja tarefa é mais individualizada, porém, múltipla.
Segundo o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-Ce) e sócio-fundador da Aveiro Consultoria, Raul dos Santos Neto, a mudança torna-se evidente quando se analisa os modelos de trabalhos vigentes. "Quando olhamos para a parte digital teremos equipes com duas ou três pessoas preparadas fazendo análises, então já diminui a quantidade de gente por um preço bem menor de equipe" afirma.
Para Ana Celina, vice-presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Ceará (Sinapro-ce) e da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), os novos formatos de campanha trazem uma grande rotatividade nas agências. "A possibilidade de um ganho elevado durante 3 meses faz com que muita gente se desligue para fazer trabalhos fora e depois voltem a buscar a reposição no mercado. Isso causa uma desestruturação operacional" ressalta.
Outro fator decisivo são as restrições impostas quanto ao uso de material impresso - mudança introduzida pela Reforma Eleitoral de 2015. Segundo Raul, as regras, aliadas com uma maior consciência ambiental da população, colaboram para uma mudança de formatos de campanhas, onde o digital "lidera em acessibilidade, custo benefício e democratização". "As pessoas estão mais conscientes e passam a querer serviços em locais onde se olha com mais atenção para o digital, geralmente, mais baratos, quando não o fazem por conta própria" finaliza.