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"A vida sempre foi difícil, mas depois que aconteceu a pandemia, dificultou"
Reportagem

"A vida sempre foi difícil, mas depois que aconteceu a pandemia, dificultou"

Relato
Edição Impressa
Tipo Notícia
FORTALEZA, CE, 24-09-2020: Segundo a Pesquisa de Analise de Orçamentos 2017-2018: Analise de Seguranca Alimentar no Brasil (IBGE), o índice de familias que passam por inseguranca alimentar auementou. No Ceará, apos a pandemia, esses numeros tambem aumentaram e Regiane Gomes contou a reportagem sobre as dificuldades que ela e a familia passaram com a pandemia. Sao Miguel, Fortaleza. (BARBARA MOIRA/ O POVO) (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira FORTALEZA, CE, 24-09-2020: Segundo a Pesquisa de Analise de Orçamentos 2017-2018: Analise de Seguranca Alimentar no Brasil (IBGE), o índice de familias que passam por inseguranca alimentar auementou. No Ceará, apos a pandemia, esses numeros tambem aumentaram e Regiane Gomes contou a reportagem sobre as dificuldades que ela e a familia passaram com a pandemia. Sao Miguel, Fortaleza. (BARBARA MOIRA/ O POVO)

Regiane Gomes, 39, mora com outras sete pessoas no bairro São Miguel. Sem trabalho fixo, o sustento da casa vem dos dias em que ela é contratada para fazer faxina, engomar ou lavar roupas. O genro e o filho também levavam algum dinheiro para casa, fruto das diárias de trabalho. "E assim um ia ajudando o outro", conta.

Com a pandemia de Covid-19, as oportunidades pararam de surgir, e estão todos desempregados — e o auxílio emergencial fez a diferença. "Mas agora diminuiu e eu quase fico louca esse mês. Não deu para pagar nem metade das contas."

A alimentação na casa de Regiane é baseada em arroz, feijão e "mistura". Geralmente, é ovo, sardinha ou mortadela — é o preço que define. Raramente compra frango ou carne. "Merenda, de manhã, tem dia que tem e dia que não tem." Ainda bem, conta, que a neta pequena perdeu cedo o gosto por leite. "Ela tem dois anos e come o que a gente come."

Ao falar sobre situações complicadas pelas quais passou, cita um domingo em que o gás secou, a vizinha a quem ela poderia recorrer tinha saído e não tinha dinheiro para comprar carvão para cozinhar. Outra lembrança é de cerca de 15 anos atrás. Regiane ainda tinha apenas dois filhos, tinha voltado para a casa da mãe e o pai das crianças "não dava nada" para elas.

"Nesse dia me vi tão desesperada. Minha mãe tinha guardado um caldo de feijão de um dia para o outro, foi na vizinha pedir um pouco de farinha, fez tipo um angu de caldo de feijão e deu para meus dois meninos", relata.

Pouco mais de seis meses depois de a pandemia chegar ao Ceará, Regiane recebeu uma ligação, na última semana, chamando para fazer faxina. "Se Deus quiser, vai voltar tudo ao normal", espera.

 

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