Apesar de o Banco Central liberar as operações de microcrédito 100% digitais a partir de novembro, a modalidade somente será aplicada ao programa Crediamigo, do Banco do Nordeste (BNB), em janeiro de 2021. Por enquanto, está sendo testada a modalidade de assinatura digital em um projeto piloto, de uma agência em Fortaleza. Com mais de R$ 8 bilhões aplicados pelo programa neste ano, a instituição é a maior fomentadora de microcrédito no Nordeste.

De acordo com o superintendente de microfinanças e agricultura do BNB, Antonio Jorge Guimarães Junior, atualmente, já é possível fazer pela plataforma digital do BNB operação de custeio no Agroamigo (programa de microcrédito rural), além de acompanhamento e renegociações de dívidas de outras linhas de financiamento. Mas é preciso que o cliente vá até uma agência para assinatura de contrato.

"Estamos evoluindo a nossa tecnologia e esperamos alcançar a partir de janeiro essa condição de fazer operação 100% digital no Crediamigo, do cadastro ao desembolso. Hoje estamos com uma operação assistida de assinatura digital em uma agência de Fortaleza. Esse passo é importante porque essa etapa é uma das partes mais complexas desse tipo de operação", diz.

Ele ressalta que o agente de crédito é um dos pilares do sucesso do programa de microcrédito do BNB, por isso, uma das preocupações é também chegar a uma modelagem que não coloque em risco a qualidade do crédito oferecido. A taxa de inadimplência do Crediamigo é hoje de 1,92% ao ano, bem abaixo da média do Sistema Financeiro Nacional, que em agosto ficou 2,6%, conforme dados do Banco Central.

"Nossa preocupação passa pela inadimplência e pela qualidade do acompanhamento do cliente. O que queremos é chegar a uma modelagem que nos dê condição de operar digitalmente, permita-nos ganhar competitividade e avançar em produtividade, mas sem perder de vista a qualidade do negócio".

Mas a ampliação da faixa de renda do público apto a requerer o microcrédito, que passa dos atuais R$ 200 mil de renda bruta anual para R$ 360 mil, será aplicada de imediato a partir do dia 3 de novembro, afirma Antonio Jorge.

"É um público que já era assistido na nossa carteira de MPE, mas que a partir de novembro poderá contar com a metodologia diferencial do microcrédito, que é este acompanhamento orientado. Além disso, no MPE era preciso estar formalizado, já no microcrédito pode ser pessoa física, informal, enfim, a mudança na regra nos possibilita atingir a um público bem maior".

De janeiro até o último dia 25, o BNB aplicou mais de R$ 8 bilhões em pouco mais de 3 milhões de operações do Crediamigo nos nove estados do Nordeste e do norte de Minas Gerais e do Espírito Santo - 8,99% superior ante o ano passado. Já no Agroamigo, foi aplicado R$ 1,81 bilhão em 352 mil operações. Alta de 16,74%.

O Ceará responde por mais de 30% dos créditos concedidos. Dentro do Crediamigo, foram aplicados R$ 2,3 bilhões em mais de um milhão de operações. Além de R$ 212,4 milhões no Agroamigo. A variação no comparativo com o correspondente de 2019 é de, respectivamente, 7,08% e 11%.

"O que mostra que, a despeito da pandemia, que trouxe uma série de dificuldades a esses programas, já que houve a dificuldade de locomoção ao agente de crédito, estamos conseguindo fazer os recursos chegarem na ponta. A nossa intenção é até o fim do ano aplicar R$ 12 bilhões no Crediamigo e R$ 3 bilhões no Agroamigo".