Vinte e três dos 43 vereadores da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) tiveram crescimento do patrimônio pessoal nos últimos quatro anos. Com base em declaração de bens deste ano dos candidatos à Justiça Eleitoral, a variação entre parlamentares que tiveram acréscimo no patrimônio variou entre 0,9% para até 600%.
O maior crescimento direto de bens foi registrado pelo vereador Renan Colares (PDT), que passou de R$ 130 mil em 2016 para R$ 932,8 mil (aumento de 617,5%) neste ano. Procurado pela reportagem, no entanto, o vereador afirma que o valor não reflete seu real patrimônio, pois inclui na declaração um imóvel financiado que não está totalmente quitado.
"Na declaração você tem que declarar o valor cheio do apartamento, sendo que eu ainda tenho que pagar mais ou menos R$ 300 mil desse imóvel. Outro imóvel que eu tenho também está nessa mesma situação, se você tira isso fica basicamente o mesmo valor da eleição passada", justifica o vereador, filho do deputado estadual Fernando Hugo (PP).
Vereador que passou maior parte do mandato como secretário do governo Roberto Cláudio (PDT), Elpídio Nogueira (PDT) também registrou aumento expressivo do patrimônio, que passou de R$ 354,6 mil para mais de R$ 1 milhão (aumento de 201,6%). À reportagem o vereador justificou o patrimônio pela "vida dupla" profissional que leva, destacando atuar também como médico em Fortaleza.
"O patrimônio que tenho é aquele que foi declarado. Tenho minha vida bem definida como médico, profissional liberal, aqui no Estado, e tenho minha vida também como homem público. Tudo que possuo está declarado", diz.
Ao todo, três vereadores que declararam "zero bens" em 2016 apresentaram crescimento de patrimônio neste ano: Julierme Sena (Pros, agora com R$ 160 mil), Michel Lins (Cidadania, R$ 113,8 mil) e Benigno Júnior (PP, R$ 49,6 mil).
Apesar dos altos salários e verbas de despesas de gabinete, 17 vereadores de Fortaleza declararam, por outro lado, redução no patrimônio de 2016 para este ano. Entre eles, três dizem ter perdido 100% dos bens que possuíam na eleição passada: Libania (PR), Marília do Posto (PRP) e Sargento Reginauro (Pros).
Procurado pela reportagem, Reginauro primeiro se disse surpreso com a declaração exibida no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois, afirmou que houve erro na declaração, e que deve corrigir em breve a situação na Justiça Eleitoral. Ele afirma, no entanto, que seu patrimônio teve pouca alteração entre 2016 e este ano.
Outros dois vereadores - Márcio Martins (Pros) e Priscila Costa (PSC) - não declararam quaisquer bens à Justiça Eleitoral. As declarações de patrimônio, no entanto, podem ser verificadas pelos candidatos a qualquer momento. (Carlos Mazza)