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Professor diz que facções também se organizam politicamente
Reportagem

Professor diz que facções também se organizam politicamente

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O controle de faixas de territórios por facções e outras modalidades de crimes em Fortaleza têm um propósito que vai além da obtenção do lucro financeiro.

"As facções também se organizam politicamente", aponta Cleyton Monte, cientista político e pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Segundo ele, porém, esse fenômeno vem de eleições anteriores. "Em 2016 já existia. Nos atos de campanha, já havia limitações em algumas áreas da cidade por causa desse fluxo nos territórios do crime", lembra.

Monte avalia que, "a partir do momento que tem candidatos que podem entrar em determinado território e outro não pode, há distorção" do processo eleitoral, ainda que isso não se dê de maneira a impactar no resultado final.

E conclui: "Acredito que as facções têm seus candidatos e seus vereadores, até para ter uma cobertura na comunidade. Isso altera a dinâmica da eleição. De certa forma, cria obstáculo, uma barreira".

Sociólogo, jornalista e colunista do O POVO, Ricardo Moura adverte que o que se viu até o momento "foi a indicação de proibição de votar em determinados candidatos, mas não vimos, pelo menos não há registros disso, de campanhas mobilizadas pelo tráfico em prol de um nome".

O pesquisador afirma, contudo, que é "de interesse das facções e dos grupos esse acesso ao serviço público".

"É uma micropolítica", continua Moura. "Se a gente tem um loteamento partidário de alguns cargos ou funções, isso pode acontecer em algumas áreas de ascendência de dominação desses grupos."

Ele reflete ainda que, nessa dinâmica das relações entre territórios do crime e o processo de escolha eleitoral, "a influência das facções pode ser para 'não votar em' ou para 'votar para'". (Henrique Araújo)

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