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De roupa a ventilador: empresas criam produtos inovadores que combatem a Covid-19
Reportagem

De roupa a ventilador: empresas criam produtos inovadores que combatem a Covid-19

De portas fechadas por meses e diante das mudanças no comportamento do consumidor, empresas brasileiras da indústria e do comércio apostam em inovação e desenvolvem produtos que prometem proteção contra a Covid-19
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Carlus Campos (Foto: Carlus Campos)
Foto: Carlus Campos Carlus Campos

O varejo nacional sofreu o baque da crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus, sobretudo o setor têxtil. No Ceará, o setor acumulou perda de 42% da produção industrial até julho deste ano, segundo dados mais recentes da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). De portas fechadas por meses e diante das mudanças no comportamento do consumidor, empresas em todo o País apostaram em inovação e desenvolveram produtos e soluções que prometem proteção contra a Covid-19.

Ventilador para auxiliar combate aos micróbios, fio, tecido e sapatos com ações antibacteriana e antiviral, máscaras específicas para a prática de esportes, entre outros. Um mix ampliado de itens que vieram atender a novas demandas do mercado e auxiliar na retomada do crescimento econômico do varejo.

O presidente da Abit, Fernando Pimentel, explica que a reconversão industrial — processo de mudança de produção para atender às demandas da sociedade — foi crucial para aliviar os efeitos negativos da crise sanitária sobre a economia do País. Nesse contexto, houve a migração das indústrias para a produção de máscaras e outros Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

"O segmento é tradicionalmente inovador e trazia, cada vez mais, tecnologia para o design, ergonomia e utilidades das peças. Durante a pandemia, ocorreu uma aceleração. Veio então a necessidade clara de proporcionar maior proteção para a sociedade, com roupas mais funcionais e maiores proteções", avalia. "A tendência é essa. Os lançamentos não vão parar, seja para atender o consumidor final ou o setor hospitalar. É um processo irreversível", complementa.

O economista Ricardo Coimbra lembra que houve um forte crescimento na busca por produtos no primeiro momento da crise sanitária, tornando escasso o estoque de álcool em gel e máscaras de proteção, por exemplo. Depois, houve equilíbrio na oferta e surgiram novas demandas, em razão do retorno gradual das atividades.

"Parte das pessoas começou a visualizar a necessidade de soluções sustentáveis e que gerem mais qualidade de vida e proteção. Isso não apenas em relação à Covid-19, mas a uma série de outras doenças", diz. Ele acrescenta que as empresas começaram a perceber esse movimento para desbravar nichos de mercado.

A consultora de marketing e professora universitária, Gal Kury, observa que a crise trouxe oportunidades não apenas de desenvolvimento de artigos, mas de novas relações com o público. Um exemplo é o uso de totem de álcool em gel necessário nos estabelecimentos — os chamados dispensers —, que podem trazer a divulgação de uma outra marca. Outro exemplo são os kits para home office vendidos em lojas especializadas.

"As marcas precisam ter bastante cuidado para que não pareça uma jogada de marketing. Deve-se mostrar qual a tecnologia, eficácia e funções dos produtos", enfatiza. "Há muitas possibilidades pela frente, que vão surgir constantemente, porque novos hábitos foram adquiridos e a preocupação com a saúde permanecerá por muito tempo", avalia.

 

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