Política pública voltada para promoção da igualdade racial precisa começar por segurança alimentar. É como acredita Raquel Andrade, presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB-CE. Para ela, é necessário priorizar a destinação de recursos públicos. "A gente sabe que a pobreza neste país tem raça. Quem é pobre é o pardo e o preto, o povo negro. A gente sabe das questões históricas que movimentaram as estruturas para que isso acontecesse."
"Quem é preto come mal neste país, come pouco. Antes de qualquer coisa, a gente precisa estar bem alimentado, sadio. Precisa ser uma política pública prioritária voltada para a segurança alimentar com o direcionamento racial", sugere Raquel, especialista em Direito e Processo do Trabalho.
A representante da OAB também cita a necessidade de investir nos médicos e médicas da família que atuam com crianças e jovens negros periféricos. Além disso, aponta para a necessidade de introduzir ações e políticas para uma educação antirracista. "Não tem como combater o racismo sem reconhecê-lo. A gente só reconhece o racismo com pertença."
"Tudo é na base. São necessárias políticas voltadas para a moradia digna, popular. Construção de conjunto habitacional para comunidades ribeirinhas, por exemplo, para pessoas que moram em áreas de risco, em ocupações. Essas pessoas são negras. Na base, quando vamos analisar essas máculas na prestação do serviço público no Estado, quem mais está em situação de prejuízo é o povo preto." (IC)