Logo O POVO+
Segundo turno, a hora em que negação estimula o voto mais do que a afirmação
Reportagem

Segundo turno, a hora em que negação estimula o voto mais do que a afirmação

| critério | Cientista político diz que eleitor que teve seu candidato derrotado se guia, agora, pelo sentimento de rejeição. Outro aspecto é que a campanha negativa também o afasta
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Cientista político
pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) e membro do Conselho de Leitores do O POVO (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Cientista político pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) e membro do Conselho de Leitores do O POVO

Se o acirramento entre José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (Pros) escalar à medida em que passarem os dias até a data prevista para votação em segundo turno, 29 de novembro, seguindo o que tem sido a tradição entre essas duas forças, é possível que o eleitor indefinido entre uma candidatura e outra opte por se afastar da disputa, impactando mais ainda nos índices de abstenção.

Quem faz a avaliação é o professor universitário Cleyton Monte, pesquisador da Ciência Política, para quem é natural que o eleitor indeciso costume não escolher nenhum dos postulantes quando o nível de confrontação se exacerba.

"O que está em disputa? Os indecisos e os eleitores que votaram em outros candidatos no primeiro turno. 'Ah, eu votei na Luizianne e vou pro Sarto.' Se o Capitão Wagner mostrar denúncias contra o Sarto, se o Sarto atacar o Wagner, pode afastar esse eleitor", exemplifica.

O motivo disso, ainda segundo ele, estaria no fato de os critérios de excludência costumarem nortear o voto com mais potência na etapa complementar da eleição, o que leva as duas candidaturas ainda envolvidas com a disputa de tentarem investir na ideia do voto útil.

Isto é, nas palavras do pesquisador: "Não ia votar, mas como estou percebendo que o bolsonarismo ou os Ferreira Gomes é muito ruim, vou lá votar." No caso, contra aquilo que representar o contraponto.

É o perfil de voto mais voltado à negação do que à afirmação de alguma plataforma de governo com a qual se tenha identificado. Assim, se as duas se atacam com intensivamente, o eleitor tende a não se convencer por nenhuma e se afastar.

O segundo turno foi instituído em 1998. De lá para cá, em todos os pleitos, o nível de abstenções cresceu levemente na etapa final.

Em 2000, com Juraci Magalhães (MDB) e Inácio Arruda (PCdoB) em lados opostos, a variação verificada foi de 1,12%.

Em 2004, numa disputa entre Luizianne Lins (PT) e Moroni Torgan (então no PFL, hoje DEM), houve salto de 4,36% dos eleitores que se abstiveram na comparação com o primeiro turno.

Em 2008 não houve segundo turno, pois Luizianne bateu Moroni mais uma vez, desta vez já na primeira volta. Em 2012, a abstenção de um turno para outro cresceu 0,61%.

A disputa era entre o candidato da então prefeita, Elmano de Freitas (PT), e Roberto Cláudio (então no PSB), que terminaria como novo gestor.

Quando RC enfrentou Capitão Wagner pela primeira vez, na reeleição, a abstenção de uma etapa para outra subiu 1,56%. 

 

O que você achou desse conteúdo?