Logo O POVO+
Larissa Gaspar, Priscila Costa e duas visões sobre um mesmo problema
Reportagem

Larissa Gaspar, Priscila Costa e duas visões sobre um mesmo problema

Edição Impressa
Tipo Notícia
Deputada Larissa Gaspar (Foto: Tatiana Fortes em 01/10/2019)
Foto: Tatiana Fortes em 01/10/2019 Deputada Larissa Gaspar

Larissa Gaspar, do PT de Lula, e Priscila Costa, adepta do presidente Jair Bolsonaro, têm visões completamente diferentes acerca dos caminhos possíveis para a resolução do cenário de baixa representação feminina na política. Elas responderam perguntas do O POVO sobre isso:

O POVO: O que precisa ser mudado para que mais mulheres se tornem vereadoras em Fortaleza?

Priscila Costa (PSC): Cotas são inúteis! As cotas não aumentam a participação feminina na política! As mulheres precisam se sentir atraídas pelas ideias debatidas e pela forma de fazer política! A adesão das mulheres deve ser de coração, espontânea, e por identificação e não por cotas estabelecidas, isso já mostrou que não funciona!

Larissa Gaspar (PT): Uma discussão muito importante que deve ser feita é sobre as políticas públicas de compartilhamento do trabalho doméstico que é imposto às mulheres, o que impede que a gente tenha tempo disponível para estudar, trabalhar e participar da vida política. Esse peso de cuidar da casa e dos filhos historicamente é colocado nas costas das mulheres. É preciso dividir. Creches em tempo integral, restaurantes populares, cozinhas comunitárias podem oportunizar as mulheres a participar da vida política, além das ações afirmativas como as cotas.

Larissa Gaspar diz que comportamento é diferente com as vereadoras
Larissa Gaspar diz que comportamento é diferente com as vereadoras (Foto: Tatiana Fortes em 01/10/2019)

O POVO: Quais são as principais dificuldades que casas políticas como a CMFor reservam às mulheres? Já sofreu machismo, sentiu dificuldade para ser escutada dentro do Legislativo?

Priscila Costa (PSC): Os desafios da Câmara para uma mulher são desafios naturais de um ambiente majoritariamente ocupado pela presença masculina. É difícil se sentir "vítima", quando você chega em um lugar por ter sido eleita Vereadora de Fortaleza e saber que milhares desses votos foram também de homens, é um lugar de honra e de liderança para homens e mulheres. No dia a dia da casa, já fui sim, em algum momento, alvo de machismo por parte de alguns homens, assim como já fui bravamente defendida por outros homens do parlamento! A Câmara Municipal é uma casa política, um embate de ideias e não de homens contra mulheres.

Larissa Gaspar (PT): Com certeza. Quando as mulheres estão na tribuna a conversa entre os homens é muito maior. Já cheguei a falar sobre isso na tribuna da Câmara durante sessão. Existe esse menosprezo à fala das mulheres como se elas não importassem, e a fala do homem fosse mais importante. Você também não vê mulhreres sendo presidentas da Casa, de comissões importantes. Não existe na Casa uma procuradoria especial da mulher. Seria um espaço importante para tratar de forma mais qualificada de questões relativas às lutas das mulheres. A Assembleia Legislativa faz esse trabalho. A Câmara deixa a desejar.

Priscila Costa critica política de cotas e a considera "inútil"
Priscila Costa critica política de cotas e a considera "inútil" (Foto: DEÍSA GARCÊZ/Especial para O POVO)

O POVO: O que dizer às mulheres que desejam entrar na política?

Priscila Costa (PSC): Eu diria às mulheres que querem entrar na política que é importante, sim, termos mulheres na Câmara Municipal, visto que as mulheres podem sim contribuir com sua visão própria de mundo, mas que essa visão pode sim ser diferente da de outras mulheres, e isso contribuiria para a pluralidade da Casa. Cada homem ali representa diferentes ideias, assim também deve ser com as mulheres, que devem rejeitar os perigos do "coletivismo" e de forma ousada expressar seu pensamento próprio. Essa é a riqueza da mulher na política!

Larissa Gaspar (PT): Que elas venham, porque a política precisa de nós mulheres. A experiência de mulheres à frente dos Executivos, de nações, de estados e municípios por todo mundo mostra que a gente consegue reduzir desigualdades, entregar resultados. A presença de mulheres à frente é importante para que a gente possa mudar essa lógica individualista, capitalista, que faz com que poucos tenham tanto e muitos não tenham nada. Acho que a presença da mulheres revoluciona a política.

 

O que você achou desse conteúdo?