Não é de hoje que existe um mercado sobre dados pessoais, em que empresas legítimas e hackers tiram proveito dessas informações vendendo-as ou utilizando-as a fim de obter vantagens comerciais ou para produção de serviços direcionados e personalizados com base nos dados pessoais coletados. A LGPD no Brasil veio combater justamente a prática indiscriminada.
Ramon Martins, pesquisador de Segurança da Informação do Instituto Atlântico e membro do Projeto de Pesquisa e Extensão com foco em Segurança da Informação, destaca que os nossos dados pessoais têm se tornado ferramentas que geram impactos reais, tanto individualmente, quanto na sociedade como todo.
"No seu escopo dado sensível entende-se como informações relacionadas a uma pessoa física, seja ela já identificada ou identificável, já dados sensíveis como informações sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicatos ou a organizações religiosas, filosóficas ou políticas. Dados pessoais também podem incluir dados genéticos, dados biométricos tratados para identificar um ser humano e dados relacionados à saúde, vida sexual e orientação sexual, seu perfil de consumo, dentre outros", detalha.
Os riscos envolvidos numa falha de segurança que exponha dados pessoais envolvem uma variedade de riscos. "O cadastro deliberado em sites, aplicativos ou serviços sem uma análise prévia sobre a empresa por trás da plataforma virtual que está sendo utilizada, pode expor a hackers ou empresas de má índole dados como cartão de crédito, senhas, meios de contato pessoais como telefone e e-mail. É essencial sabermos, além de quais dados estão sendo coletados, quem está de posse daquelas informações".
Ramon dá o exemplo de como as informações podem ser utilizadas no caso hipotético de uma empresa de seguros que obtenha informações da rede social de uma pessoa: "O seguro de vida, por exemplo, poderia aumentar o seu preço considerando que você se expõe a perigos a partir da análise de fotos postadas todos os dias da semana bebendo ou um vídeo onde aparece bebida e direção de automóvel".
"Pessoas que divulgam suas vidas correm risco de serem avaliadas e classificadas por empresas que prestam serviços essenciais e com isso serem prejudicadas", detalha.