Vereador reeleito do PT, Ronivaldo Maia diz que o partido deve se firmar na oposição ao prefeito eleito de Fortaleza, José Sarto (PDT).
"Por que vamos emprestar nossa presença? Eu acho que o PT tem que ficar na oposição porque há uma rejeição. O governo é Sarto, mas quem é Sarto? Na prática, como por trás do Sarto estão os Ferreira Gomes, é por isso que o PT pensa duas vezes em colocar seu patrimônio para defender um projeto político deles", argumentou o parlamentar.
A legenda se reúne amanhã para decidir se embarca na gestão do pedetista ou se engrossará a oposição ao gestor na Câmara de Vereadores.
O encontro, que estava previsto havia uma semana, foi adiado a pedido de Sarto, que pretendia conversar com a bancada de vereadores da legenda, que tem três integrantes: além de Ronivaldo, Larissa Gaspar e Guilherme Sampaio, também presidente municipal da agremiação.
A posição dos três parlamentares é a mesma: postulam que o PT siga na oposição ao futuro ocupante do Palácio do Bispo.
Por outro lado, petistas como os deputados federais José Guimarães e José Aírton Cirilo e o deputado estadual Acrísio Sena defendem que a sigla faça composição com Sarto, com eventual indicação de nomes para a gestão.
A tese é a mesma defendida pelo governador Camilo Santana (PT), que já se manifestou sobre o tema, posicionando-se pela aliança com o prefeito eleito e sucessor de Roberto Cláudio (PDT).
Dentro do PT, no entanto, o clima é mais favorável a que o partido se mantenha longe do Paço. Pesa contra o embarque a campanha eleitoral de 2020, na qual a deputada federal Luizianne Lins se queixou de ter sido atacada por Sarto, sem que tenha havido retratação pública.
Mas há também outros fatores. Ainda de acordo com Ronivaldo, que é próximo de Luizianne, a eleição em Fortaleza deu um recado da exaustão do projeto político dos Ferreira Gomes.
"Eles quase não ganham a eleição, com todo mundo apoiando, inclusive o PT. Vamos assinar um cheque em branco? A cidade mandou um recado: ganharam a eleição, mas não são unanimidade", avalia.
Segundo ele, "essa é a posição que vai prevalecer no partido". O vereador acrescenta: "Zé Airton não foi candidato nem Acrísio. Sarto foi o mal menor e não fez nenhum gesto que merecesse nem o apoio no segundo turno. O Sarto não tem o apoio do PT".
A depender do que decidir a legenda nesta terça-feira, as vozes contrárias a Sarto na Câmara podem se fortalecer ainda mais, somando-se a um bloco articulado de legendas abertamente de oposição, como Pros, Podemos e Republicanos.