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Sem festa, Fortaleza analisa medidas para compensar setor
Reportagem

Sem festa, Fortaleza analisa medidas para compensar setor

| SEM FESTAS | Na terça-feira passada, o novo secretário da Cultura de Fortaleza, Elpídio Nogueira, descartou Carnaval em fevereiro
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Até a metade da primeira década deste século, o Carnaval de Fortaleza era representado pelos maracatus, blocos, afoxés e escolas de samba que desfilam na avenida Domingos Olímpio. Havia também blocos de Pré-Carnaval, como o tradicionalíssimo Periquito da Madame, o Que Merda é Essa? e sua dissidência necessária, O Cheiro. A partir daquela década, o Pré-Carnaval cresceu e se espalhou, impulsionado por edital da Prefeitura. Enquanto o Pré crescia, em 2008, a arquibancada da Domingos Olímpio desabou e dezenas de pessoas ficaram feridas. Show de Ednardo foi cancelado. Paradoxalmente, foi o ponto de virada.

O Carnaval ganhou investimento, ampliou-se sem abandonar a tradição. Blocos de Pré se tornaram agremiações de Carnaval. A festa passou a envolver muita gente, atrair patrocinadores para alguns blocos. Uma economia se organizou. Acabou a versão de que Fortaleza era cidade que não tinha folia. Sentença que voltará a ser verdade neste fevereiro amargo para os foliões.

Na terça-feira passada, o novo secretário da Cultura de Fortaleza, Elpídio Nogueira (PDT), que é médico, descartou Carnaval em fevereiro. "Não tem planos para ocorrer o ciclo carnavalesco no mês que vem, nós estamos no meio da pandemia", disse o vereador licenciado ao jornalista João Gabriel Tréz.

Na véspera, em transmissão ao vivo no Facebook, Elpídio havia falado em abrir o diálogo com as pessoas que fazem o Carnaval para saber como trabalhar no período. Porém, o secretário explicou, isso não significa cogitar Carnaval em fevereiro. A questão para ele seria ter ações para atenuar o impacto econômico para quem trabalha com a folia e ficará sem essa renda. Um segmento — de artistas, músicos — que já tem sido bastante atingido pela pandemia de Covid-19.

"Estamos elaborando com minha equipe medidas que seriam, ou serão, compensatórias para o pessoal que trabalha com o ciclo carnavalesco aqui em Fortaleza", disse Elpídio, sem antecipar que ações seriam essas.

A festa de Carnaval na Capital já havia sido descartada pelo prefeito José Sarto (PDT), irmão de Elpídio, três dias após ser eleito. "Pelo que estou observando agora, não é prudente a gente falar em Carnaval. A vacina ainda não chegou. Está chegando, mas ainda não chegou", ponderou o então prefeito recém-eleito em 4 de dezembro passado.

Até mais reticentes que cidades com maior tradição carnavalesca, e que já traçam seus rumos sem a folia neste fevereiro, Fortaleza segue a tendência que é também de Olinda, Salvador e Rio de Janeiro. No caso da capital cearense, um cancelamento — ou adiamento — que tem a particularidade de ser um local que só recentemente redescobriu o Carnaval em larga escala. (Érico Firmo)

 

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