Explicar o salto econômico da China não é romantizar. Isso porque não foram uma série de eventos perfeitos que levaram a tal evolução, tudo foi arquitetado pelas lideranças chinesas. O coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília e mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos, Márcio Coimbra, visitou a China há alguns anos e conta que um chinês deu a receita do sucesso: "Eles (chineses) planejavam para os próximos 70 anos e nos Estados Unidos não conseguem planejar nem os próximos sete anos."

Ele explica que, para além da economia, demandando muito, especialmente de países subdesenvolvidos, a China expõe seus tentáculos políticos, construindo uma relação positiva com países até então esquecidos no mapa da economia mundial. Foi assim na Ásia Central, África e está sendo na América Latina.

A contagem regressiva para que a China se torne a grande potência mundial foi adiantada pela pandemia. Segundo estudo do britânico Centro de Pesquisa em Economia e Negócios (CEBR, na sigla em inglês), a economia será a maior do mundo em 2028. O cálculo anterior previa a ultrapassagem somente em 2033. Fator importante para isso será a popularização do 5G.

Coimbra ressalta: "Os chineses não pensam somente no ganho econômico com o 5G no Brasil, por exemplo, mas em estreitar as relações políticas com o País, pois os chineses ocupam os espaços de forma estratégica". O planejamento estratégico dos chineses, aponta, os fizeram sair na frente em diversos setores, como a saúde. Durante a pandemia, os países ao redor do mundo ficaram dependentes dos insumos chineses, inclusive agora durante a vacinação.

"No caso da vacina, a China se preparou para atender o mercado internacional em setores estratégicos, como é o setor de saúde", observa.