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Como as empresas têm marchado em prol da sustentabilidade
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Como as empresas têm marchado em prol da sustentabilidade

Novas questões e soluções.
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Haroldo Rodrigues Jr., proprietário da in3citi, investe em negócios de impacto relacionados com a pauta ESG (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Haroldo Rodrigues Jr., proprietário da in3citi, investe em negócios de impacto relacionados com a pauta ESG

O social e o ambiental ganharam força na equação que envolve os investimentos nos negócios. Os entes do mercado têm entendido que contribuir com as comunidades para que as ODS da ONU sejam alcançadas, diminui os riscos sobre os aportes e alavanca seus negócios.

Para o doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin, o Brasil evolui para além dos já conhecidos fundos verdes, que tem como premissa o aporte em ativos que sejam amigáveis ao meio ambiente.

"Esses conceitos eram vistos de maneira isolada, ainda que já fossem adotada por algumas empresas. A ideia é que os consumidores percebam isso, além dos investidores, e a empresa que se alinha genuinamente com o conceito seja beneficiada", analisa.

Isso causaria mais urgência no mercado e adesão. Rochlin acrescenta que as empresas nacionais, individualmente, buscaram se diferenciar do próprio País, até para não angariar a má fama que o atual governo alcançou no mercado internacional. Ele avalia que devemos ver cada vez mais empresas alinhadas ao ESG, adotando conselhos e trabalhos engajados. "Não sei dizer se é o fim da economia do tudo pelo lucro. Mas vemos que cresce a cobrança dos consumidores e sociedade pela defesa do meio ambiente. O lucro continua sendo o norte principal, mas o caminho até lá será sob outros preceitos."

No fim do ano passado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou uma consulta pública para rever as informações que as companhias de capital aberto devem prestar ao órgão. A agenda inclui fatores de riscos sociais, ambientais e climáticos, bem como dados sobre diversidade nos cargos de administração e entre seus empregados. Essa iniciativa reforça ainda mais a relevância de questões ligadas à ESG no mundo corporativo e indica um movimento crescente de mudanças e avaliações internas das empresas, além de mostrar uma preocupação do mercado investidor com o tema. Inclui ainda o fator político, como as cobranças das grandes potências e o retorno dos Estados Unidos à pauta ambiental de desenvolvimento de ações sustentáveis na economia.

No Brasil desde 2012 e criado a partir da parceria com o B Lab, o Sistema B é um dos atores no meio corporativo no trabalho de engajamento, divulgação e articulação de um movimento global de pessoas que usam os negócios para a construção de uma economia mais inclusiva, equitativa e regenerativa para as pessoas e para o planeta. A diretora executiva do Sistema B Brasil, Francine Lemos, ressalta que o objetivo do trabalho das empresas comprometidas com o selo ESG é para que o maior indicador de sucesso empresarial seja o de provocar impactos positivos que gerem valor para a sociedade e o meio ambiente de maneira sustentável.

"Para as grandes empresas, principalmente as de capital aberto, é uma questão de sobrevivência. Durante a pandemia, vimos que o sistema econômico praticamente ruiu e isso passa muito por questões de governança", diz. A executiva ainda aponta que o "Brasil está perdendo a oportunidade de apostar na recuperação econômica verde", pois não vem olhando para a pauta com tanta seriedade, mesmo tendo grande capacidade de diferenciação no segmento de desenvolvimento sustentável, vide a evolução em setores como produtos de beleza - vide o case da Natura - e setor de energias renováveis.

Alinhado a essas práticas, o empreendedor social e dono da in3citi, Haroldo Rodrigues Jr., prima por encontrar negócios com iniciativas de impacto positivo social e ambiental. Analisando o mercado local, ele destaca que os novos negócios têm a consciência de engajamento nas principais pautas desde o nascimento. Mas ainda é preciso mais, vista a nossa desigualdade social e econômica.

"Não estamos atrasados, mas seguindo uma tendência, em meio às dores que impactam nossa Região. Precisamos continuar levando essa pauta aos formadores de opinião e que o ESG paute o desenvolvimento econômico local", defende.

"Quanto mais é compreendido esse desafio, mais rápido o consumidor vai ter a dimensão da responsabilidade que cabe a ele", diz Haroldo.

 

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