As negociações do Ceará para compra direta de vacinas contra a Covid-19 deve ter resposta "muito em breve". "Minha esperança é de isso seja ainda nessa semana", afirma o secretário da Saúde do Ceará, Dr. Cabeto. Em entrevista ao O POVO nesta segunda-feira, 1º, o titular da pasta afirmou ainda que os contatos com as empresas fabricantes têm sido diários. O gestor participou da programação da rádio O POVO/CBN, em rede com CBN Cariri.
A projeção do Ministério da Saúde era avançar para um novo grupo prioritário — idosos entre 60 e 74 anos — era neste mês de março. A estimativa é que o impacto da vacinação possa ser obtido com o alcance de 30% da população imunizada. Esse número é 10 vezes maior do que a atual taxa de vacinação. Um mês e dez dias após o início da aplicação das doses no Estado, 3,1% da população cearense recebeu o imunizante.
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"Há tratativas quase que diárias com a indústria internacional, por meio de seus representantes na América Latina, para que essas aquisições aconteçam. Alguns já nos responderam dizendo que estão esperando a negociação com a União, é o caso da Pfizer a quem procuramos desde o início. E outros estão estudando a possibilidade e um calendário para nos apresentar", explica o secretário.
Para ele, "a obtenção de vacinas está muito aquém do que nós gostaríamos". "As expectativas antes eram muito melhores do que estamos vendo na prática. Por isso que o Ceará está atrás", expõe. Até o momento, o Ceará recebeu 530.400 doses de vacinas contra a Covid-19.
"Mesmo que elas tenham que ser doadas ao Governo Federal via Plano Nacional de Vacinação (PNI), estaremos dando nossa contribuição", garante Dr. Cabeto. O PNI prevê que todas as doses de imunizantes contra a Covid-19 que cheguem ao Brasil sejam distribuídas. No último dia 24, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a compra e distribuição de vacinas por estados e municípios caso o Governo Federal descumpra o Plano.
Em todo o Estado, 286.854 pessoas receberam a primeira dose de imunizante contra a doença e 94.077 receberam a segunda dose. Os dados são da Secretaria de Saúde do Ceará e foram atualizados na sexta-feira, 26.
"O que sabemos de forma prática e objetiva é que duas ações no mundo têm sido eficazes contra a doença: isolamento estruturado e empenho na aquisição das vacinas", continua. "O Brasil tem que fazer mea culpa, retardou as aquisições. Mas pode resgatar essa velocidade de vacinação tendo um emprenho de fato nas suas relações diplomáticas e na estruturação da produção", defende.
De acordo com o médico, quando a aplicação das doses chegar na população a partir de 60 anos, será possível obter um "grande impacto" na mortalidade, letalidade e no índice de contaminação. "Se calcula que quando a gente chegar à vacinação de 2 milhões de pessoas no Ceará, você estaria em uma situação bem mais confortável, mais seguro para as pessoas. Pelo menos 30% da população. Estamos ainda longe", avalia.
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"No cronograma que o Ministério (da Saúde) passou para os estados, teoricamente agora em março deveríamos estar vacinando as pessoas de 60 a 75 anos. Talvez não todo, mas uma parte, que já daria algum impacto. Não temos confirmação. Acho que no começo de março vamos ter um cronograma mais real, com comprovações que vamos ter aquele volume de vacinas que estamos esperando", aponta. (Colaboraram Marcela Tosi e Érico Firmo)
Secretário Cabeto critica defesa de tratamento precoce: "É absolutamente criminoso"
Em entrevista à rádio O POVO CBN na manhã desta segunda-feira, 1 º de março, o titular da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Dr. Cabeto, lamentou o posicionamento de profissionais da saúde que apoiam o tratamento precoce contra a Covid-19. "Infelizmente estamos vivendo um momento em que as pessoas estão faltando com responsabilidade e colocando a vida das pessoas em risco. O importante mesmo não é tomar remédio precocemente, é você ser atendido precocemente", detalhou na conversa. "Dizer para as pessoas que não se protejam, é um ato irresponsável, absolutamente criminoso. Quem faz isso, não obedece à ciência", citou.
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Cabeto reforçou a necessidade do isolamento social e de outras medidas contra a doença, como o uso de máscara. "Aqueles que reportam realidades não comprovadas fazem um desserviço a sociedade e deixam as pessoas em pânico. Você, cidadão, não precisa de pânico. Você precisa ser cuidado".
Secretário citou as duas fases da doença: a síndrome gripal, com sintomas como febre, dor de garganta e moleza; e a fase de pneumonias e respostas inflamatórias, tidas como a parte mais grave da infecção por Covid-19. "Esses [que pioram o quadro] devem ficar atentos e, por isso, as unidades estão ampliando o atendimento, para reconhecer esses pacientes que estão sendo tratados. Isso é o tratamento adequado que fez reduzir a mortalidade da doença", garantiu.
O que significa atendimento precoce?
A ida ao hospital aos primeiros sinais de insuficiência respiratória. Segundo nota da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) divulgada no início do mês, o uso de oxigênio em casa não é considerado uma medida de proteção porque a covid-19 pode apresentar piora repentina, risco que é minimizado quando o paciente é tratado no ambiente hospitalar.
O que significa tratamento precoce?
Se refere ao uso de medicamentos ou métodos para evitar a doença ou reduzir a gravidade dos casos, o que não é recomendado pelas principais sociedades médicas e organismos internacionais de saúde pública, segundo nota conjunta divulgada em janeiro pela Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Cabeto deu detalhes sobre a segunda onda da Covid-19 no Estado em entrevista á rádio O POVO CBN na manhã de hoje. Conforme ele, os casos devem aumentar ainda mais e as medidas de restrições tomadas com o novo decreto só terão efeitos daqui a 15 dias.
"A gente espera que ainda cresça", citou o secretário referindo-se aos casos da doença antecedentes a as medidas de isolamento social. Segundo o médico, o número de pessoas que adoecem com Covid-19 está similar ao que aconteceu em abril e maio de 2020, o pico da pandemia. "Nós estamos evidentemente agora comprovado na segunda onda. Isso fez com que nos dispuséssemos de mais leitos. Estamos com 820 pacientes em terapia intensiva e devemos chegar a 1.074 leitos em março, o que evidencia uma situação muito grave", comentou.