No primeiro dia de lockdown, a situação de Fortaleza sugere segunda onda longa e forte nível de transmissão do coronavírus. O isolamento rígido para frear a pandemia, contudo, não mudou o cenário a olhos vistos, como da primeira vez em que foi decretado, no ano passado. Por outro lado, os dados que sustentam a necessidade de adesão ao lockdown são claros. Na Capital, a média móvel de óbitos dos últimos sete dias (19) é 36% maior do que a calculada há duas semanas. A mortalidade já é considerada de moderada a alta.
Análise da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) aponta que o cenário sugere uma "longa segunda onda epidêmica em progressão que mudou sua dinâmica de dispersão, ganhou força de transmissão, tendendo a um padrão de propagação exponencial".
Os dados são de boletim epidemiológico divulgado nesta sexta-feira, 5, pela pasta. Com base na média diária de óbitos em fevereiro, pelo menos 15 pessoas morrem de Covid-19 a cada 24 horas na Capital. No dia 25 de fevereiro foram registradas 34 mortes pela infecção. O maior número desde junho de 2020.
A proporção de positividade das amostras (RT-PCR) de moradores de Fortaleza analisadas pelos laboratórios que apoiam a rede pública, Lacen-CE e Fiocruz, foi de 33% entre os dias 25 de fevereiro e 4 de março de 2021. A taxa de resultados positivos continua a sugerir circulação viral alta.
Conforme o balanço semanal, a média diária de casos em fevereiro é a maior desde o início da pandemia. Considerando a segunda onda, o maior valor de média móvel foi de 759,4 casos no dia 23 de fevereiro.
Após o início da segunda onda, em outubro, observa-se desaceleração entre novembro e dezembro. Contudo, a desaceleração é seguida por novo crescimento, no qual a média de casos subiu 46% entre dezembro e janeiro e 35% entre janeiro e fevereiro. A SMS pontua que a expansão da testagem contribui para uma média diária superior à observada em abril e maio de 2020.
O agravamento de indicadores é registrado em todas as regiões do Estado. Em uma semana, Ceará apresenta aumento de 60,8% no número de novos casos e 65,6% nos novos óbitos por Covid-19. A alta corresponde aos indicadores registrados na Semana Epidemiológica 8 (de 21 a 27 de fevereiro) em relação à semana anterior. Foram confirmados 7.232 novos casos e 202 óbitos. As informações são do boletim epidemiológico semanal publicado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) ontem.
O Ceará chegou a 441.484 casos confirmados de Covid-19 e 11.642 óbitos em decorrência da doença ontem. São 3.561 casos e 88 óbitos a mais do que o último boletim do dia anterior. Segundo dados atualizados às 17h48min dessa sexta-feira pela plataforma IntegraSUS, houve sete mortes apenas nas últimas 24 horas.
O Governo do Ceará realizou uma transmissão ao vivo ontem, 5, pelas redes sociais para tirar as dúvidas sobre as restrições referentes ao lockdown, que segue até o dia 18. Flávio Ataliba, secretário executivo de Planejamento Orçamento Gestão do Ceará (Seplag), comentou os pontos do decreto.
“O decreto é exclusivamente para Fortaleza. Os outros municípios ficam com a liderança local. Cabe a eles verificarem quais setores devem ser fechados”, destaca o secretário.
•Cartórios estão permitidos funcionarem de portas fechadas e através de serviços on-line.
•Estradas e rodovias apenas em casos de necessidade comprovada. O secretário cita o exemplo da assistência médica de emergência e em casos de trabalhadores que atuam em serviços essenciais e residem em outros municípios. Havendo a necessidade de justificar a circulação de um município para outro
•Indústrias. Segundo o secretário, a indústria parou ano passado, mas esse ano não parará.
•Atividades de berçário e da educação infantil para crianças de zero a três anos
•Treinamento para profissionais da saúde, aulas práticas e laboratoriais para concludentes do ensino superior, inclusive de internato. A outra parte do setor educacional está autorizada a funcionar apenas de forma remota
•Postos de saúde em casos de atendimentos de emergência
•Clínicas de fisioterapia apenas para casos de emergências
•Oficinas e borracharias
•Serviços de transportes de aplicativos (Uber, 99 pop entre outros)
•Postos de gasolinas e suas lojas de conveniências
•Os aeroportos estão ligados à jurisdição do Governo Federal. Gestões municipal e estadual não podem interferir diretamente no espaço
•Hotéis e pousadas podem funcionar. Restaurantes dentro do hotéis e das pousadas podem funcionar também, mas somente para atender clientes hospedados
•Bancos devem funcionar respeitando os protocolos para evitar aglomerações
•Praias. As praias se encaixam em espaços abertos e públicos. Atividades ao ar livre estão suspensas
•Clínicas psicológicas. Atendimentos de urgência devem ser direcionados aos hospitais.
•Lava-jatos
•Academias, locais de danças, pilates entre outros
•Igrejas. As igrejas não podem realizar seus eventos de cultos religiosos, mas os estabelecimentos podem abrir para que fiéis façam orações e preces de forma individual
De acordo com o secretário Flávio Ataliba, o interesse do Governo do Estado e da Prefeitura de Fortaleza é no caráter educativo da população. "Não estamos interessados em coerção ou multas. Em casos de resistências ao decreto, a lei precisa ser cumprida buscando coibir as circulações indevidas. Nós usaremos desses métodos para proteger a população" argumenta Flávio.
Os cidadãos que quiserem denunciar casos de aglomeração na cidade podem ligar para um dos seguintes números:
Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis)
Telefone: 156A
Site: denuncia.agefis.fortaleza.ce.gov.br e aplicativo Fiscalize Fortaleza (disponível para Android e iOS)
Vigilância Sanitária do município
Telefones: 150, 3252-2155, 3252-1571 e 3252-1587
Polícia Militar
Telefone: 190
Ministério Público do Ceará
Telefones: 127 ou 0800.28.22.553
E-mail: ouvidoria@mpce.mp.br