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"Para uma mãe com dois filhos vai ajudar, mas seria necessário mais"
Reportagem

"Para uma mãe com dois filhos vai ajudar, mas seria necessário mais"

|Chefe de família| Natália Pitombeira, que cria dois filhos e está desempregada desde 2019, comemora a volta prometida do benefício, mas reconhece que valores e tempo de pagamento anunciados não são os ideais
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Natalia Pitombeira está desempregada e é mãe de dois filhos: Gabriel e Sofia. Ela dependeu no ano de 2020 da pensão do ex-marido, mas agora ele também esta desempregado (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira Natalia Pitombeira está desempregada e é mãe de dois filhos: Gabriel e Sofia. Ela dependeu no ano de 2020 da pensão do ex-marido, mas agora ele também esta desempregado

Após quase dois meses e meio sem pagamento de auxílio emergencial, a provável volta do benefício será um alívio para a casa de Natália Pitombeira, 40, mãe que cria dois filhos e está desempregada desde 2019.

Ela comenta que já enfrentava dificuldades financeiras quando a pandemia começou em 2020, mas a principal renda da casa desde que perdeu o emprego como auxiliar administrativa era mesmo a pensão alimentícia dos dois filhos que era paga pelo pai. No entanto, o ex-companheiro ficou sem renda no período mais crítico e o recurso do auxílio emergencial e a ajuda de familiares foi o que socorreu Natália. Ela ainda descreve o início deste ano como um "sufoco".

Os profissionais de educação financeira já recomendam: se sua renda diminuir, faça cortes de custos domésticos. Essa cartilha já foi revisada por Natália, que afirma que realizou diversos cortes de gastos no último ano. A prioridade que manteve foi a educação dos filhos na rede particular. Para que os estudos - agora em modo remoto - não fossem prejudicados, teve de suportar os custos de rede de internet e aumento da energia elétrica.

Outra ação tomada pela chefe de família foi no sentido de se precaver para quando o auxílio chegasse ao fim. Separou parte dos recursos mensais para financiar um negócio próprio que pudesse virar fonte de renda após o fim do auxílio emergencial. Pensava em montar um negócio voltado à papelaria, mas que não deu certo. "Até comecei a investir, mas não deu certo por causa do custo dos maquinários que estava muito alto", conta.

Ao falar em alta de custos, a dona de casa ainda relata que o patamar de preços no Brasil dos produtos mais básicos está muito diferente do que era há um ano. O destaque negativo fica por conta do gás de cozinha e do preço dos alimentos.

Bem por isso, Natália diz que recebe de bom grado o retorno do auxílio, mas reconhece que não é o ideal, seja no valor ou no tempo de duração.

"O novo auxílio é muito pouco. Para uma mãe com dois filhos vai ajudar, mas seria necessário mais. Se pudesse trabalhar seria diferente, mas nem as propostas de trabalho recebemos agora. O tempo também é muito pouco. Sabemos que a pandemia não vai acabar do dia para noite. Vemos que os alimentos ficaram muito mais caros. O que eu fazia de compras no supermercado não consigo mais", destaca.

Natália já faz as contas: se for mesmo receber - ela relata ao O POVO que ainda tem desconfiança com a possibilidade de ser deixada de fora da lista do auxílio mesmo tendo necessidade do benefício - o valor de R$ 375 projetado para as chefes de família deve render um gás de cozinha (atualmente custa em média R$ 100), o valor da conta de energia elétrica e uma ida ao supermercado para comprar os itens mais básicos.

Antes de encerrar a entrevista, a chefe de família desabafa, dizendo que o Governo não vem se esforçando o bastante para atender ao pobre, que está desamparado, lembrando ainda dos altos salários pagos ao alto funcionalismo. "Pagamos tantos impostos, mas na hora em que mais precisamos temos de passar por tudo isso."

 

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