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Planos sem data para acontecer e rotinas adaptadas
Reportagem

Planos sem data para acontecer e rotinas adaptadas

Relatos.
Edição Impressa
Tipo Notícia

"Levar a vida como dá, me solidarizar com o luto coletivo e não baixar a guarda." Esse é o lema atual da advogada Jamile Morais, que tenta ajustar os planos à realidade da pandemia. Recentemente, ela e o marido mudaram de domicílio em busca de maior segurança contra a Covid-19.

O motivo principal foi a negação do condomínio anterior em adotar "medidas mínimas de proteção". No cotidiano do casal, todas as saídas de casa e interações com pessoas fora do convívio familiar acontecem só com o uso de máscaras do tipo PFF 2. "Acabo tendo de tomar medidas de proteção por mim e pelas outras pessoas, porque muitos insistem em negar a gravidade da pandemia e baixam a guarda nas medidas necessárias para se proteger."

Planos de viagens foram deixados para um outro momento, mesmo amando viajar, como relata Jamile. "O sentimento prevalente é de cansaço e de um luto coletivo por tantas vidas perdidas." A falta de um real direcionamento sobre como seria possível manter a rotina com a proteção possível é outro ponto levantado pela advogada. "Acredito que a distribuição de máscaras PFF2 em massa e o incentivo para que os estabelecimentos comerciais também protejam seus funcionários com esse equipamento seriam se grande contribuição para o efetivo combate da pandemia", opina.

"O que mais me deixa apreensiva é a possibilidade de uma variante sair do escopo de proteção das vacinas. Daí, voltaríamos à estaca zero", lamenta. "Não sei como sairemos desse caos, mas preciso acreditar que, em algum momento, isso vai passar."

As viagens também foram adiadas para a antropóloga Diana Trujillo. No início de 2020, ao ingressar em uma pós-graduação, ela se mudou da Colômbia para Belém. "Foi todo um investimento para chegar lá e depois ter que fazer tudo no ensino remoto. A solidão também foi muito complicada em uma cidade que não consegui conhecer, além do medo de sair, adoecer e não ter alguém para cuidar de mim."

Com parte da família morando em Fortaleza, Diana atualmente mora na Capital alencarina e conta ver o mesmo desrespeito com as medidas sanitárias necessárias, o que causa indignação. "Tive que adaptar todos os meus planos e suspender agora minha volta para a Colômbia, já que não estão aceitando voos indo do Brasil para lá." A situação é o mais a deixa apreensiva sobre a possibilidade de uma terceira onda. "Isso me deixa estressada constantemente. Sinto que as fronteiras nunca vão reabrir."

 

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