O depoimento de Mayra Pinheiro à CPI da Covid nessa terça-feira, 25, colocou-a frente a frente com um ex-aliado, o senador Tasso Jereissati (PSDB).
À secretária do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro, Tasso perguntou: "A senhora e os cinco médicos que compõem sua equipe não acreditam nas orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria, não acreditam na OMS, não acreditam nas orientações da Anvisa, não acreditam nas decisões da entidade que combate doenças contagiosas nos EUA. Acreditam em que orientações?".
Mayra respondeu: "Boa tarde, senador Tasso, é uma satisfação revê-lo. O senhor é cearense e conhece a minha história de luta em defesa da vida".
Em seguida, a secretária afirmou que a "primeira coisa em que acredita é que devemos salvar a vida das pessoas diante de uma doença grave e incerta".
O senador, então, cedeu o restante do tempo de que dispunha ao colega Otto Alencar (PSD-BA), que rebateu a defesa da cloroquina feita pela médica em resposta ao tucano.
Em 2018, Mayra foi lançada ao Senado pelo PSDB, com apoio do senador tucano e ex-governador do Ceará, numa aliança com o Pros do deputado federal Capitão Wagner. Na disputa, obteve 882.019 votos (11,37% dos válidos), ficando fora.
Naquele ano, elegeram-se Cid Gomes (PDT), também ex-governador, e Eduardo Girão (Podemos), que desbancou Eunício Oliveira (MDB).
Próximo de Mayra, Girão também fez perguntas à secretária. Ao O POVO, o senador avaliou como positiva a participação na CPI.
"O depoimento de Mayra correspondeu às expectativas da CPI. Ela respondeu a todos os questionamentos, mesmo com habeas corpus, que só utilizou após assistir condutas de intimidação, induções e agressividade com outras testemunhas", declarou o senador.
Para ele, Mayra "respondeu tudo com muita consistência técnica, anulando com muitos dados as narrativas atribuídas ao seu trabalho no Ministério da Saúde". (Henrique Araújo)