Em quatorze meses, 20.138 pessoas perderam a vida em decorrência da Covid-19 no Ceará. Já são 783.105 casos confirmados da patologia de acordo com atualização feita às 17h03min de ontem, 26, da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Observando o cenário atual, é possível que haja um novo aumento de casos — configurando o início de uma terceira onda — enquanto o Estado ainda estará "saindo" da segunda onda em curso.
Foram registrados 9.726 óbitos nos cinco meses deste ano, o que corresponde a 48,2% do número total. Os primeiros 10 mil casos que chegaram a óbito foram registrados ao longo de aproximadamente nove meses. As primeiras mortes aconteceram no dia 24 de março de 2020. Em 2 de junho, esse indicador superou a marca de 5 mil registros. Em 2 de dezembro, eram mais de 10 mil casos somados no Estado e, em de 29 março, 15 mil. Nos últimos dois meses, foram mais 5 mil mortes.
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O mês mais mortal desde o início da pandemia foi em maio do ano passado, quando 3.936 foram a óbito por causa da infecção. Do total de casos com esse desfecho, 8.386 notificações são em Fortaleza.
O estado ultrapassa as 20 mil mortes em momento no qual está "descendo" na segunda curva de transmissão do vírus. Conforme Thereza Magalhães, pesquisadora e professora de Epidemiologia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), é provável que até o final de junho "uma terceira onda seja plenamente visível".
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"A tendência é de que a gente tenha os óbitos na população mais jovem não vacinada. Faixas limítrofes não vacinadas. Se vacinei de 60 anos para cima, a tendência é de morte entre 50 e 59 em maior número. Mas a gente já vai observar óbitos em pessoas mais novas do que isso. Em quantidade, não casos isolados", analisa.
Um novo aumento de casos sem o Estado ter "esvaziado" os leitos hospitalares é uma das maiores preocupações. Tendo em vista abastecimento de insumos e sobrecarga de profissionais. "Porque a gente vai esticar mais o tempo de uso desse leito e precisar de um contingente maior já que a gente vai ter mais transmissores", afirma. Ela explica que os indicadores estão reduzindo mas já começam a descer mais devagar. "Não é visível ainda a terceira onda. A gente não vai descer totalmente (na segunda onda) e já vamos ver a terceira onda subindo", analisa.
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A ginecologista obstetra Liduína Rocha concorda com a prospecção: "é muito possível que a gente enfrente uma terceira onda". "Certamente trará novos desafios no sentido de outro perfil epidemiológico, deslocamento de casos mais graves para pessoas mais jovens, o que a gente já começou a experimenta nessa segunda onda", afirma. Na segunda onda, o número de casos é muito maior do que na primeira e a taxa de mortes proporcionais, por sua vez, menor.
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A médica, que integra o Coletivo Rebento - Médicos em Defesa da Vida, da Ciência e do SUS, alerta que a solução é uma resposta "mais universal, com coordenação das ações", visto que "há uma mobilidade de transmissão que favorece o acontecimento de novas ondas". "A gente está sempre se aproximando do limite da capacidade do ponto de vista de resposta. A cada onda, fica mais difícil. Vacina para todos é a questão central. Enquanto não houver, é preciso isolamento a partir da realidade epidemiológica, apoio financeiro, máscara. Tudo fora disso é arriscado", aponta.