Fora a polêmica envolvendo a possibilidade de crime de tráfico de fósseis, a descoberta e a decifração da aranha Cretapalpus vittari, extraída das pedras de Nova Olinda, reforça a importância científica para o mundo do arquivo paleontológico depositado no solo da Chapada do Araripe, no Ceará.
Além do achado ser raro no mundo — é o primeiro fóssil de um aracnídeo da família da Palpimanidae encontrado na América do Sul no Cretáceo da Era Mesozóica — o estado de conservação do fóssil é de impressionar, segundo os cientistas norte-americanos Matthew R. Downen e Paul A. Selden.
Tão perfeita quanto a conservação fóssil, mesmo depois de milhões de anos após a extinção da Era dos Dinossauros na Terra, que foi possível detectar até que aquela aranha pré-histórica — de oito olhos com os pares laterais — era um macho.
Segundo o artigo científico de Matthew Downen e Paul Selden, "a preservação excepcional dos insetos de Nova Olinda" foi recentemente descrita, em 2015, pelos paleontólogos N. Barling e David Martill.
Os dois cientistas mostram que "goethita", que é um mineral de óxido de ferro, seria um dos elementos preponderantes para a conservação de boa parte da integridade do corpo-registro dos fósseis encontrados no Ceará. Um diferencial em relação a outros campos paleontológicos existentes em outros cantos do planeta.
O Cretapalpus vittari, com exceção exceção das partes moles, foi "preservado tridimensionalmente" nas bibliotecas de calcário laminado enterradas no solo de Nova Olinda. O que proporcionou a visualização, com uso da tecnologia, de detalhes da cutícula do fóssil, de espinhos e cerdas das tíbias do que restou da aranha.
Além do gozo dos cientistas pela descoberta, o que o achado científico importa para o cotidiano atual? O fóssil da aranha é mais uma chave para a investigação das condições ambientais daquela época e para a observação das transformações e extinções até aqui.