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Sem margem para malabarismos
Reportagem

Sem margem para malabarismos

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Tipo Notícia
FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.05.2021: Economia - Mulheres no Mercado de Trabalho - Aliciane Barros, 38 anos, Afroempreendedora e coordenadora da Feira Negra em Fortaleza. Tem uma loja no Centro da ciade, chamda CearAfro (Thais Mesquita/OPOVO) (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.05.2021: Economia - Mulheres no Mercado de Trabalho - Aliciane Barros, 38 anos, Afroempreendedora e coordenadora da Feira Negra em Fortaleza. Tem uma loja no Centro da ciade, chamda CearAfro (Thais Mesquita/OPOVO)

Na casa da afroempreendedora, Aliciane Barros, de 38 anos, o impacto da pandemia pode ser medido em muitos aspectos. O mais visível deles é o da renda. Com a sua loja, a CearAfro, no Centro, funcionando com horário restrito e sem poder realizar a Feira Negra, projeto que dá espaço e reúne comerciantes da capital cearense com o objetivo de dar protagonismo às questões da cultura negra e/ou africana, nos moldes de antes, na praça da Gentilândia e com programação cultural, ela viu a sua fonte de renda cair à metade na pandemia.

"Mesmo depois da reabertura, a gente ainda está sentindo o impacto porque mais da metade do nosso público é turista e o auxílio emergencial que está sendo pago nesta segunda rodada é bem mais baixo, então, tem menos dinheiro circulando. Hoje ganho menos da metade do que ganhava e a situação só não é pior porque, graças a Deus, meu marido, que tinha ficado desempregado logo no começo da pandemia, conseguiu um emprego há seis meses."

Ela conta que ao mesmo tempo em que o dinheiro que entra diminuiu consideravelmente, apesar dos esforços para economizar, as despesas em casa subiram. Não só porque todos passaram a ficar mais tempo em casa, mas também porque os produtos e serviços ficaram mais caros. Em abril, a inflação em Fortaleza foi a segunda maior do País e já acumula alta no ano de 3,36%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Há também o peso da sobrecarga, que é física - já que o serviço doméstico que sempre ficou sob a responsabilidade dela aumentou - e também é emocional. A dificuldade em ajudar os três filhos, de 19, 15 e 6 anos, no ensino remoto, e a situação das outras mulheres que também dependem do trabalho de venda que é feito por ela, como costureiras e artesãs, têm, muitas das vezes, tirado o sono de Aliciane. "É muito complicado porque a gente tem que fazer os corres para trabalhar, o serviço de casa e tem todas as outras coisas para dar conta. Sinto que muita coisa está passando batido."

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