O início da imunização dos trabalhadores da educação, no fim de maio, reacendeu a discussão sobre o retorno ao presencial. As dificuldades de adaptação estrutural das escolas têm sido apontadas como causa para a demora na volta. Afinal, o que é necessário para que as escolas sejam um lugar seguro contra a transmissão do coronavírus?
Segundo o epidemiologista Marcelo Gurgel, membro do Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Covid-19 da Universidade Estadual do Ceará (Uece), "a vacina não é garantia de que não contrairá a Covid-19 ou de que deixará de transmitir, mas é uma segurança inicial". Ainda assim, ela não deveria ser a condição principal. A questão está na infraestrutura das instituições de ensino.
"O importante é ter espaços físicos arejados, sem ar condicionado, com distanciamento de no mínimo 1,5 metro, higienização diária antes das aulas, utilizar em escala e com higiene os refeitórios", enumera Gurgel. "Além disso, dispor álcool gel e seguir com uso de máscaras, incluindo os professores vacinados." Recomendações do tipo constam no protocolo setorial para retomada das atividades escolares elaborado pelo Governo.
O epidemiologista aponta ainda que "a escola não é um foco importante de transmissão da doença". Isso se dá especialmente quanto aos estudantes de Ensino Infantil e Fundamental, que têm menor mobilidade de casa até a escola e em outros espaços quando comparado aos alunos do Ensino Médio e Superior.
Ademais, características locais devem ser consideradas. "É preciso olhar cada caso. A realidade não é a mesma entre a rede pública e a particular, nem mesmo dentro de cada rede. As escolas maiores, com mais alunos e maior poder aquisitivo têm mais estrutura e condições de adaptação", enfatiza Gurgel.