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O que pensam os estudantes
Reportagem

O que pensam os estudantes

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Aos 17 anos, João Alves está no 3º ano do Ensino Médio na escola Dr. César Cals e não tem aulas presenciais desde março de 2020. “Assistir aula fora da escola, por um computador, é muito diferente. Fica muito mais fácil procrastinar, não prestar atenção”, relata. "Também não é simples conseguir aprender alguma coisa. O professor passa um slide, começa a falar e pronto, você tem que acompanhar e tentar entender. Quando a gente está presencial, há mais dinâmica, mais participação, mais meios de ensinar e aprender", compara.

O jovem relata ainda a saudade do convívio diário com amigos, “conversando sobre tudo, aprendendo juntos”. “Também faz falta ter uma rotina estruturada. Acordar cedo, ir para a escola, voltar pra casa, almoçar, estudar, ter momentos de lazer, dormir, fazer tudo de novo e mesmo assim não se tornar repetitivo, como se estivesse vivendo o mesmo dia todo dia... Porque é assim que eu me sinto hoje.”

Há 15 meses, a maior parte do convívio para além da família é por meio de mensagens em aplicativos. É assim que ele encontra Monaliz Nobre, amiga e colega de turma. Ela aponta que a maior dificuldade tem sido conciliar tarefas. “Por ser uma modalidade tão flexível, ela acaba deixando que você escolha o que vai fazer com seu tempo, que às vezes não é tão bem distribuído”, expõe. ”Tem sido puxado; temos que conciliar vestibular com escola, com família; tudo ao mesmo tempo.”

Ainda assim, ambos se sentem inseguros para um retorno às aulas presenciais. “Acho que ainda está tudo muito perigoso. Se cuidar requer responsabilidade e eu não me sentiria seguro num ambiente escolar”, afirma João. “Nem todos vão respeitar as normas de segurança. Além do contato na escola, temos também o contato com a família e outras pessoas”, completa Monaliz, sobre os riscos de transmitir o novo coronavírus.

As inseguranças e dificuldades também são relatadas por Fabio Machado, 18, aluno último ano Ensino Médio no colégio Christus,da rede particular. Ele afirma que os maiores desafios são "a desconcentração dentro de casa e a falta de foco". "Vejo muitos alunos prejudicados nesse ensino a distância e perdendo sua base escolar", afirma. "Acho que esse momento não é ideal (para retorno). Quando os professores estiverem todos vacinados, aí sim!", opina.

Também de escola particular, Kauan Lima, aluno do colégio Tiradentes, voltou à escola em janeiro deste ano quando a série final do Médio estava liberada para aulas presenciais; voltou ao remoto com o lockdown da segunda onda. "Somos seres humanos e temos uma imensa necessidade social. Ir à escola satisfaz um pouco dessa necessidade. Só de termos alguém fisicamente a nossa frente, falando conosco de forma direta e não através de um aparelho já é ótimo", afirma. "Sobre a volta às aulas, acho uma questão complicada. Quero que elas voltem, mas as medidas de segurança teriam de ser reforçadas; o mais seguro seria esperar a vacinação."

Para Sarah Pereira, 16, estudante da mesma série no colégio particular Deoclécio Ferro, defende a liberação para aulas presenciais. "Centenas de artigos científicos provam que a escola com protocolos é um ambiente seguro. Existem estudos que cogitam que a escola pode ser o ambiente mais seguro dentro do cenário pandêmico", aponta, citando também que a maioria dos profissionais da Educação em Fortaleza já foram vacinados. Ela conta que teve três semanas de aulas presenciais no início do ano e que foi o momento em que mais adquiriu conhecimento.

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